Mulheres tocam 45% dos pequenos negócios na Bahia
Estado conta atualmente com mais de 325 mil empreendedoras individuais (MEIs)
A forte presença das mulheres no empreendedorismo brasileiro, onde comandam 9 milhões de negócios, também se reflete na Bahia. Por aqui, dos 709.440 microempreendedores individuais (MEI) registrados, 325.371 são mulheres, o que representa 45% das empresas oficializadas do estado. Não à toa, a Federação do Comércio da Bahia (Fecomércio-Ba) e o Sebrae promovem, até hoje, no Centro de Convenções de Salvador, a primeira edição do Mulher.com, evento que reúne mais de 1,5 mil empreendedoras de todo o estado
Além de colocar em pauta o impacto feminino no mundo dos negócios, o evento abre espaço para discutir condições de trabalho apropriadas para as empresárias, como diz Rosângela Gonçalves, coordenadora estadual do programa Sebrae Delas. "Mesmo ocupando 46% dos negócios no Brasil, as mulheres têm as menores remunerações e são as que ficam menos tempo dedicadas ao negócio por terem mais demandas. [...] O evento é para termos iniciativas que tragam um caminho mais confortável e com equidade de oportunidades para poder empreender", explica.
Ainda que diante de dificuldades como o chamado terceiro turno, quando geralmente resolvem demandas de casa, as mulheres estão ocupando os espaços no empreendedorismo. De acordo com o Sebrae, a maioria delas começa a empreender por necessidade. Nathurimar Lima, é um exemplo disso.
Emancipada aos 17 anos, começou a empreender há 21 anos para conseguir ter renda. "Eu tinha seis irmãos e o caminho que eu tive foi empreender ou trabalhar para alguém. Me tornei distribuidora de catálogos por dois anos e meio e, depois, virei empresária do segmento ótico. Tudo porque realmente precisava de uma forma para me manter", relata ela, que é proprietária da Ótica Popular, presente em cinco municípios do sul da Bahia.
Dandara Brazil é professora de dança e trabalha com desenvolvimento humano. Em 2012, ela também encontrou no empreendedorismo a resposta para uma necessidade. "Eu trabalho com a dança e algumas práticas que incentivam o desenvolvimento criativo, lúdico e trazem inovação. [...] É um serviço que levo para empresas, organizações e grupos que querem algo na área do desenvolvimento humano. O meu empreender
As mulheres têm as menores remunerações e são as que ficam menos tempo dedicadas ao negócio Rosângela Gonçalves
surgiu da necessidade de encontrar um sentido para minha vida, me sentir realizada com o que faço e me sustentar", conta Dandara.
Seja por necessidade de criar uma renda ou por vocação, o mercado empreendedor baiano tem mulheres como líderes em quase metade do seus negócios. Segundo dados do Sebrae, de todos os atendimentos feitos no estado em 2021, 52% foram para empresas conduzidas por mulheres.
Rosemma Maluf, coordenadora da câmara estadual da mulher empresária da Fecomércio-Ba, diz que o cenário é um avanço, mas é preciso instituir ações sensíveis à dificuldade que é empreender quando se é mulher. Isso porque, para ela, o mundo de negócios é um ambiente marcado por características de uma estrutura patriarcal e machista.
"A mulher empreende em circunstâncias diferentes com os desafios do terceiro turno, a família para cuidar e os preconceitos dessa estru tura de empresas. Precisamos acelerar essa transformação do ambiente de empreendedorismo com políticas públicas e dar todo o suporte para que essas mulheres prosperem e suas empresas tenham mais competividade", diz.
Atenta a relevância do empreendedorismo feminino no mercado, Ana Paula Matos, vice-prefeita de Salvador, compareceu ao evento e salientou o compromisso da gestão em projetar ações de apoio às empresárias soteropolitanas. "Queremos, de fato, dar esse protagonismo às mulheres e condições pra que elas mostrem seu talento. Isso acontece em cima de vários programas. O CredSalvador, por exemplo, prioriza as mulheres, nós temos uma série de capacitações nessa área e uma rede chamada Salvador Delas com muitos programas de empreendedorismo feminino", diz, ressaltando que programas do tipo estão no plano de governo.
Coordenadora do programa Sebrae Delas O meu empreender surgiu da necessidade de encontrar um sentido para minha vida Dandara Brazil
Professora de dança Queremos, de fato, dar esse protagonismo às mulheres e condições pra que elas mostrem seu talento Ana Paula Matos
Vice-prefeita de Salvador