Gatos e fio de carregador indicam crime no Itaigara
Família da vítima ficou chocada ao ser informada pela polícia que mulher de 62 anos morreu por estrangulamento
Antes de abandonar a cena do crime, o assassino da bancária Rita Maria Brito Fragoso e Silva, 62 anos, encontrada morta em casa, no Itaigara, no sábado (14), trancou os dois gatos da vítima em um dos armários do apartamento onde ela morava com os pets. Os bichanos ficaram pelo menos dois dias presos, sem acesso à comida ou água. Segundo uma sobrinha da vítima, os animais devem ter sido presos pelo criminoso para que não chamassem a atenção para o homicídio.
Os familiares de Rita Maria não faziam ideia de que ela poderia ter sido assassinada e ficaram chocados com a revelação de que a mulher foi vítima de um crime. Logo que acharam o corpo dela, no apartamento onde a bancária vivia, os parentes acionaram a polícia e, até então, acreditavam que Rita tinha tido morte natural. A verdade veio à tona quando os peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) foram até o local onde estava o corpo e constataram que ela foi estrangulada com um fio de carregador de celular.
"Quando alguém mora só, sempre algum parente tem a chave. A irmã dela tinha a chave. Então, o sobrinho foi lá e abriu o apartamento. A porta do quarto dela estava trancada. Então, ele arrombou e a encontrou morta. Estava com um travesseiro na cabeça e ninguém mexeu. Acreditávamos que tivesse sido morte natural, mas aí veio o pessoal do Instituto Médico Legal, tirou o travesseiro do rosto dela e viu que ela estava com o fio do carregador de celular enrolado no pescoço e tinha uma lâmina. Tinha sangue no quarto, na cama. Tinha sangue no quarto todo", contou, ontem, a sobrinha da vítima, a cirurgiã-dentista Marta Brito.
Ainda segundo a sobrinha, os gatos devem ter sido trancados após a morte de sua tia, que segundo os peritos, ocorreu na quinta-feira (12), e só foram encontrados no sábado (14), mesmo dia em que a família estranhou o sumiço de Rita e decidiu ir até a casa dela. O corpo da bancária foi encontrado no 6º andar do edifício Itaigara Pratical Residence, na Rua Érico Verísuso contínuo. "Ela teve depressão, mas estava bem, tanto que no Dia das Mães passou bem com a família. Embora tenha feito uso de alguns medicamentos no passado, a polícia já disse que foi um homicídio e nós queremos que o culpado seja localizado", declarou a sobrinha.
Ainda muito abalada com a notícia de que a tia foi assassinada e tinha sinais de estrangulamento, Marta lamentou a forma trágica como Rita perdeu a vida. "Ela era uma mulher muito tranquila, passava a maior parte do dia em casa, não era de relacionamentos amorosos. Era uma pessoa do bem. Sobreviveu a dois tumores para morrer assim, desta forma terrível".
Natural de Jequié, a bancária viveu muitos anos em Portugal, mas voltou ao Brasil há sete anos. "Assim que ela veio, fez concurso e passou no Banco do Brasil. Ela tem dois filhos que moram em Portugal", contou Marta.
O prédio onde Rita morava tem câmeras na entrada e corredores. A empresa que presta serviço ao condomínio já foi acionada pela polícia.
O crime abalou os moradores do prédio. "Esse edifício é relativamente novo, 13 anos, e nunca teve isso. Foi algo que nos deixou chocados, porque ela era uma vizinha tranquila", disse o síndico e contador Edvaldo Santos, 68. Ele confirmou que as imagens já estão à disposição da polícia. Questionado sobre como é feita a entrada de estranhos no condomínio, ele respondeu que "somente com a autorização do morador".
De acordo com a Polícia Civil, Rita Maria tinha ferimentos pelo corpo causados por um objeto perfurocortante.
A autoria e motivação do crime ainda são desconhecidas e a investigação está sendo conduzida pela 1ª DH/Atlântico.
DESPEDIDA
Rita Maria foi enterrada na tarde de ontem no cemitério Bosque da Paz. No velório, familiares e amigos prestaram as últimas homenagens. Momentos antes do cortejo, os presentes se juntaram ao redor do corpo e algumas palavras foram ditas sobre a bancária, em meio a aplausos. Sob forte comoção dos presentes, o enterro aconteceu às 15h45. No caixão, uma foto de Rita ao lado dos dois filhos simbolizava a presença deles, que não puderam vir de Portugal para participar da despedida. Muito abalados, amigos e familiares não quiseram comentar sobre o caso.