Professores e alunos ainda sofrem efeitos
Professor em escolas das redes privada e pública, Marcus Reis, 34, ensinava apenas em escolas particulares em 2020. Só a partir de 2021 passou a dar aulas na rede estadual. Para ele, o que mais chamou atenção no momento inicial da pandemia foi a velocidade com que as escolas particulares se adaptaram à nova realidade. “Tenho colegas que estavam dando aulas em escolas públicas em 2020 e o que nos passavam era que todos tinham vontade de fazer alguma coisa, mas ninguém sabia muito bem o quê”, diz.
No ano passado, já como professor em escolas públicas estaduais, Marcus Reis conta que presenciava de perto as dificuldades no acesso ao ensino remoto. Ele mesmo teve que se readaptar à nova realidade.
“Para nós professores, a dificuldade é muito grande porque a gente não tinha a interação que temos nas salas de aulas. Numa aula presencial, você tem a reação do aluno, se ele não interage, você pode ver que algo não está funcionando”, diz.
Online, a realidade era de microfones e câmeras desligados o tempo inteiro e quase nenhuma interação. “Às vezes eu tinha a sensação de que estava dando aulas só pra mim”, lembra.
“A gente sofreu muito, ficou cansativo”, reconhece. “Eu vi colegas de profissão caindo emocionalmente, e a gente pedindo forças a Deus para encarar este contexto”.
Mesmo agora, após a retomada das aulas presenciais, o tempo sem aulas ou com o ensino remoto segue cobrando um alto preço, destaca o professor. “A dificuldade agora é equilibrar o conteúdo que eles não pegaram no ano passado. Eu estou com uma turma de terceiro ano que não tem interação no conteúdo”, afirma.
“Quando a gente vai colocar na balança, desgasta até um pouco a gente, percebendo que os meninos estão cansados de ouvir sermões ou discursos moralistas, eu evito este desgaste. Eu prefiro ter uma boa relação com eles, diminuo o tom de sermão”, conta. Segundo ele, tem sido comum ver alunos chorando
O coordenador-geral da APLB-Sindicato, Rui Oliveira, lembra que todo o planejamento que existia para a educação no Brasil estava voltado para o ensino presencial. Para ele, isto explica as dificuldades enfrentadas na Bahia e em outros estados. “No primeiro momento, na rede estadual, falou-se em ter uma interatividade com os alunos. O problema é que no Brasil 60% dos estudantes não têm acesso à internet”, lembra.
Após estes dois anos, em 2022, o desafio é lidar com um “lapso temporal de dois anos” no processo de aprendizagem, destaca Rui Oliveira. Para ele, o impacto do momento na educação só será devidamente conhecido mais adiante.
Para Gabriel Corrêa, líder de políticas educacionais do Todos pela Educação, o impacto da pandemia na educação brasileira é tão grande que a nação ainda não percebeu sequer o tamanho do problema. “Nós achamos que a população ainda não se deu conta da magnitude destes efeitos, que começam levando à evasão escolar”, diz. Ou seja, muitos não voltarão para as salas de aulas, ou retornaram e não conseguirão permanecer.
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