ELEIÇÕES REPUBLICANAS
Em janeiro de 2023, a Bahia empossa o seu 52º governador no período republicano de 133 longos anos, nem tão republicanos assim, muito pelo contrário. Apenas 17 mandatários foram eleitos para o cargo pelo voto. O restante, nomeados nos dois períodos ditatoriais assumidos (ditadura Vargas e ditadura militar); em outros períodos, digamos de estresse político, e vários interinos, a maioria vice-governadores, ou chefes de outros poderes, que assumiram o governo baiano por alguns meses.
A República começou tumultuada na Bahia. Virgílio Damásio governou cinco dias apenas, Ruy Barbosa mobilizou a sua base, o afastou do governo e colocou na cadeira Manoel Vitorino, afastado cinco meses depois por pressão do presidente Deodoro da Fonseca. Este, na sequência, nomeou seu irmão Hermes da Fonseca que igual a Vitorino governou cinco meses apenas. José Gonçalves da Silva conseguiu governar um ano (1890-1891), deposto pelo povo - por mobilização de César Zama - depois de apoiar a tentativa de Deodoro da Fonseca de fechar o Congresso.
Rodrigues Lima foi o primeiro governador eleito, de fato, para o período 1892-96, pelo sistema de voto bico de pena a descoberto, que nada mais era do que o voto aberto, sob controle dos caciques políticos. Se roubava e muito. O povo votava, mas quem garantia era a Assembleia que “recontava” e “validava”, ou não, os votos. Quem tinha maioria tinha vantagem. As eleições de 1912 foram atípicas, Seabra eleito como candidato único. Seus adversários se recolheram, amedrontados, após o bombardeio da Bahia.
A ditadura Vargas (1930-45) mudou o status dos mandatários, que deixaram de ser governadores para serem interventores. Na semiótica isso deve ter algum sentido, mensagem subliminar não era. A ditadura deixava claro e explícito que se tratava de uma intervenção federal. O governo Vargas nomeou nove interventores, a ditadura militar quatro governadores. O Período ditatorial assumido representou em torno de 40 anos ditos republicanos.
A partir de 1982, com a eleição de João Durval, iniciamos um período de quatro décadas de estabilidade e de aprimoramento da fiscalização do voto, com a implantação das urnas eletrônicas, pela primeira vez utilizadas nas eleições municipais de 1996, para governador alguns anos depois. Projeto desenvolvido por técnicos do Exército, Marinha, Aeronáutica, INPE e CPqD. Sucesso de fiscalização, logística de distribuição e apuração em tempo recorde. Antes, a apuração demorava dias, ou semanas, e a fraude corria solta, sumiam urnas, emprenhavam-se outras, preenchiam-se votos em branco, manipulava-se a contagem nos centros de apuração.
Se o período dito republicano não foi tão republicano assim e muito menos estável, pior no período imperial (1823-1889) onde tivemos 52 governadores, então denominados de Presidentes de Província, em 66 anos do regime vigente. A maioria nem esquentou a cadeira. Exceções foram poucas: José Egídio Gordilho de Barbuda teria completado quatro anos de governo (1827-30) se não tivesse sido assassinado no fim do mandato; Joaquim de Vasconcelos governou cinco anos em dois mandatos interrompidos; João Maurício Wanderley e José Gonçalves Martins, durante quatro anos.
Os presidentes de província eram nomeados por carta imperial, mas eram os partidos, Liberal, Conservador, ou Democrático que influenciavam a sua nomeação e deposição. Todos representantes das elites, fortunas alavancadas na posse de terras, no tráfico de escravos e no comércio exterior.
A ditadura Vargas (1930-45) mudou o status dos mandatários, que deixaram de ser governadores para serem interventores