72% das crianças estão sem a vacina
Prefeitura fez busca ativa para imunizar contra a pólio, mas procura continua baixa
Há um dia do encerramento da Campanha Nacional de Vacinação Contra a Poliomielite e Multivacinação, os números de imunizados em Salvador são muito baixos. No caso da poliomielite, a meta na capital baiana é alcançar pelo menos 95% das 152 mil crianças entre 6 meses e menores de cinco anos, mas, até o momento, apenas 43 mil delas estão protegidas da doença que pode causar paralisia infantil, ou seja, 28%. A baixa adesão se repete com a campanha da multivacinação, que acontece em paralelo e disponibiliza 18 imunizantes do Calendário Nacional de Vacinação para jovens menores de 15 anos. Pensada para uma população de 497 mil jovens, só atingiu até agora 78 mil, adesão de 15%.
Os números poderiam ser ainda piores, pois a campanha teve 24 dias de prorrogação, com último prazo de término amanhã (30). No caso da vacinação contra a pólio, por exemplo, toda a ação começou no dia 8 de agosto, mas até 6 de setembro, quase um mês depois da largada, apenas 32 mil crianças menores de 5 anos que moram no município haviam sido levadas pelos seus responsáveis aos postos para serem imunizadas. O número, àquela altura, correspondia a apenas cerca de 20% do esperado. Com a opção de atualização da caderneta, a chamada multivacinação, também não foi diferente. Ela alcançou, em 6 de setembro, apenas 11% do total de menores de 15 anos, com pouco mais de 58 mil vacinadas.
Diante do cenário, a Secretaria Municipal da Saúde, em parceria com a pasta da Educação, deu início à busca ativa em escolas da rede municipal de ensino, no dia 6 de setembro, além de promoverem a prorrogação da campanha. Tudo na tentativa de aumentar a adesão. Dez instituições estão contempladas com a busca ativa, desde o bairro da Ribeira, na Cidade Baixa, até o de Cajazeiras X.
Apesar de todas as estratégias, após quase um mês da prorrogação da campanha e depois de quase dois meses do início dela, chegou-se a uma adição de apenas 8% no número de crianças vacinadas contra a pólio, e de 4% de adesão à multivacinação.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, desde 2018 os números de vacinados contra a poliomielite, nesse tipo de campanha, vem caindo em Salvador, nunca se alcançando a meta de 95%. Em 2018, chegou-se a 77%; em 2019, 73%; em 2020, 61%; em 2021; 58%.
ERRADICAÇÃO
Apesar da vacinação nas escolas aparecer como alternativa à falta de tempo, em razão da rotina acelerada de trabalho dos responsáveis pelas crianças, e da veiculação da campanha como forma de incentivo e conscientização, a baixa busca pela imunização, para o secretário municipal de Saúde, Décio Martins, deve-se ao apego excessivo à ideia da erradicação da pólio.
"Acreditamos que o fato de ser uma doença erradicada no país tem gerado uma falsa tranquilidade entre pais e responsáveis pelas crianças. Por isso a SMS iniciou a busca ativa desse público com a estratégia de imunização nas
Das crianças de Salvador, entre seis meses e cinco anos, foram vacinadas até ontem contra a poliomielite, na Campanha Nacional
28%
escolas municipais, com o intuito de ampliar a imunização", explica o secretário.
A recepcionista Maria de Jesus, 22 anos, mãe de Pedro Antônio, de 4 anos, foi uma das que aproveitaram a campanha nas escolas para reforçar a imunização do filho contra a pólio e atualizar outras vacinas, na Creche e Pré-escola Primeiro Passo, em Cajazeiras X.
"A correria e a necessidade de estar no trabalho acabam fazendo a gente adiar algo que, apesar de importante, ouvimos [sobre] poucos casos agora. Mas essa oportunidade foi perfeita para deixar tudo certinho", conta a responsável por Pedro.
Assim como ela, a mãe de Erique Artur, de 6 anos, a atendente Luana Lima, 30, também aproveitou para atualizar o cartão de vacina do pequeno, estudante da mesma escola de Pedro. "O incentivo não é à toa, então esse é o momento certo para aproveitarmos a oportunidade de regularizar a proteção da saúde deles", afirma a Luana.
AINDA DÁ TEMPO
A campanha vai até amanhã (30) em escolas municipais e 156 postos de saúde. Depois, os postos de saúde continuarão, por todo o ano, a disponibilizar os imunizantes.