Correio da Bahia

Conexão 5G ainda oscila em Salvador

Tecnologia Mesmo em bairros com a cobertura da 5ª geração, o sinal vacila ou o aparelho não conecta

- Maysa Polcri* REPORTAGEM redaca@correio24h­oras.com.br

Mais da metade dos 170 bairros de Salvador estão contemplad­os com o sinal de conexão 5G, de acordo com a Agência Nacional de Telecomuni­cações (Anatel). Porém, na prática, quem circula pela capital e tenta conectar o aparelho celular à internet móvel mais veloz enfrenta dificuldad­es. Mesmo nas localidade­s onde os sinais das antenas de três operadoras diferentes deveriam funcionar, a conexão oscila e há quem não encontre a opção na tela.

Desde que o 5G foi liberado na cidade, há cinco meses, o número de localidade­s contemplad­as saltou de 79 para 108 - o que representa aumento de 36%.

O Campo Grande é um dos grandes privilegia­dos: todas as três operadoras que funcionam com a conexão mais rápida em Salvador (Tim, Vivo e Claro) estão presentes na região. Ou pelo menos deveriam estar.

Há menos de dois meses, o supervisor de portaria Humberto Sousa, 60, comprou um celular novo e tinha a expectativ­a de que pudesse utilizar o sinal 5G no local de trabalho. O modelo Galaxy S21 FE é até compatível com a conexão avançada, mas o sinal da Claro não funciona no prédio localizado no Campo Grande, mesmo o bairro constando na lista dos contemplad­os pela operadora.

“Desde que eu comprei o celular o 5G não apareceu, só a disponibil­idade do 4G mesmo. Funciona até bem, mas o melhor seria o 5G porque o celular travaria menos”, afirma Humberto.

A situação se repete no bairro vizinho. O turista Fagner Miranda, 35, está em Salvador há uma semana e até agora não conseguiu acessar o 5G na Vitória, onde está hospedado em um hotel. Apesar disso, o bairro é um dos que, na teoria, possui sinal 5G da Tim.

“Eu tenho andado por vários bairros nesses últimos dias e não consegui acessar o 5G nenhuma vez. Na Barra também não funcionou”, diz Fagner, que é do Pará.

A quinta geração pode ser até 100 vezes mais rápida que o 4G, o que permite que conteúdos densos sejam baixados em segundos. Além disso, com o 5G, é mais difícil que o usuário fique sem internet em grandes aglomeraçõ­es, como shows e estádios de futebol.

Porém, não é incomum que o sinal desse tipo de conexão funcione em apenas alguns pontos dentro de um mesmo bairro, o que pode ser causado por barreiras físicas.

Para Filipe Tôrres, membro do Instituto de Engenheiro­s Eletricist­as e Eletrônico­s (IEEE), essa dificuldad­e deve ser sanada com melhorias na tecnologia. “Às vezes, em um mesmo bairro alguns lugares funcionam e outros não devido às barreiras físicas, mas com o tempo as operadoras vão distribuir melhor a cobertura, o que deve fortalecer o sinal em centros urbanos”, explica Filipe, que é doutorando em Engenharia Elétrica pela Universida­de de Brasília (UnB).

O chaveiro Davidson Araújo, 16, espera ansiosamen­te para que o sinal de 5G funcione com qualidade no bairro onde mora, no Vale das Pedrinhas. Por lá, a internet até conecta na velocidade mais rápida no celular modelo Galaxy A52, mas oscila e dificulta que o jovem utilize o aparelho. “Nunca funciona 100%. Até aparece, conecta, mas logo cai. Quando finalmente funciona, de vez em quando, a internet fica bem mais rápida”, relata.

Conexão 5G foi liberada há cinco meses e 108 localidade­s de Salvador já oferecem o sinal, na teoria

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ANA ALBUQUERQU­E Humberto Souza trabalha no Campo Grande, onde tem sinal 5G, mas o celular dele não conecta

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