Correio da Bahia

Barco nos conformes

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Centenária em 2023, a festa de Iemanjá será daqui a uma semana, e o barco responsáve­l por levar o presente principal da Rainha do Mar da praia do Rio Vermelho ao Buraco de Iaiá já está nos conformes. Ontem, como de costume, ele passou por vistoria e recebeu o aval da Capitania dos Portos.

Segundo o proprietár­io da embarcação, o professor e pescador Fernando Lopes, de 45 anos, é preciso garantir que passageiro­s e tripulante­s viajem em segurança.

“A vistoria é básica: material de segurança, como extintor de incêndio, colete e boias salva-vidas, motorizaçã­o, corda, iluminação, rádio, madeira boa...”, listou

Fernando. Cada detalhe é pensado, inclusive para contemplar quem está de fora.

“A cobertura a gente não vai usar, porque, no dia da festa, a gente tem que estar com ele aberto, pra filmagem”, explicou ele, enquanto indicava o lugar sobre o qual a oferenda é transporta­da: a tampa do motor.

Membro da Colônia de Pescadores Z1, Fernando realiza a condução do presente principal de Iemanjá há apenas quatro anos. O ‘Rio Vermelho’— nome dado ao barco, que é alvirrubro —, porém, já carrega consigo uma história de 41 anos na função. “Há 15 anos, fui pra festa de Iemanjá pela primeira vez e nunca mais parei

Há 15 anos, fui pra festa de Iemanjá pela primeira vez e nunca mais parei de ir, sempre nesse barco Fernando Lopes Proprietár­io do barco, professor e pescador

de ir, sempre nesse barco”, contou o pescador. “Quatro anos atrás, o dono da embarcação faleceu, e eu tive a oportunida­de de comprar o barco na mão da família, prometendo que ia manter a tradição”, relembra.

Por causa das restrições impostas pela pandemia, o barco passou dois anos transporta­ndo apenas sete pessoas. Desta vez, o número pode chegar a 12, sendo cinco delas tripulante­s, como Roberto Lira, 55. Há 17 anos participan­do do ritual, desde a época do antigo dono, o pescador disse que faz de tudo um pouco.

“Não tem coisa assim, direcionad­a, mas você puxar uma corda lá na hora que o barco encosta na beira do mar é difícil pra caramba. Vai muito da hora”, descreve. Roberto assegurou que a emoção não mudou.

Mestre do barco, Tharley dos Santos, 40, mais conhecido como Charles, além do largo tempo de dedicação à festa, de quase duas décadas, compartilh­a com o amigo Roberto a fé em Janaína. “Eu tô no mar todo

 ?? ANA LUCIA ALBUQUERQU­E ?? Batizado de ‘Rio Vermelho’, o barco leva o presente há 41 anos; sem restrições da pandemia, poderá ter até 12 pessoas
ANA LUCIA ALBUQUERQU­E Batizado de ‘Rio Vermelho’, o barco leva o presente há 41 anos; sem restrições da pandemia, poderá ter até 12 pessoas

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