PLÁSTICO ZERO
Celebrar o dia de Iemanjá também é celebrar a natureza. Por isso, antes do centenário da festa da rainha do mar, no dia 2 de fevereiro, a Praia da Paciência, no Rio Vermelho, recebeu um mutirão de limpeza ontem. A iniciativa, batizada de “O mar não está para plástico”, é promovida pelo instituto Redemar, em parceria com outras entidades, para conscientizar os devotos sobre a importância de optar por oferendas feitas com materiais menos poluentes.
Mesmo após dois anos sem a festa nos moldes tradicionais, por causa de restrições impostas pela pandemia de covid-19, os 50 voluntários envolvidos na primeira edição do projeto ‘Agô e Iemanjá’, voltado exclusivamente para a festa de Iemanjá, coletaram 100 quilos de resíduos. A limpeza foi realizada na faixa de areia e no mar, em uma área de extensão de quase um quilômetro.
Para armazenar essa quantidade de resíduos, foram necessários 15 sacos de lixo. Os materiais campeões do descarte inadequado foram bitucas de cigarro, pedaços de tecidos, plásticos, tampinhas de garrafa de vidro e de garrafa pet, palitos de picolé e talheres plásticos.
Quando este material chega no oceano, ele se decompõe lentamente em microfragmentos que são ingeridos por peixes e outros animais marinhos. Isso faz mal aos bichos e também faz com que o plástico chegue à nossa alimentação com consequências ainda desconhecidas para a saúde humana. Além disso, impedem também a entrada de luz e oxigênio no fundo do mar, prejudicando a vida da flora marinha, segundo explica William Freitas, presidente da Redemar.
É importante destacar que a tradição religiosa não é a culpada pela poluição, mas a maneira como ela é praticada acaba contribuindo para o problema. Isso porque, como tantas outras tradições, foi desenvolvida em épocas em que ainda não tínhamos conhecimento sobre as consequências do depósito de materiais industrializados na natureza.
O perfume de alfazema, por exemplo, é um composto químico que pode causar impactos negativos ao oceano. Por isso, em um contexto em que a natureza tem apresentado diversos desequilíbrios, o presidente da Redemar destaca que o mais importante é depositar energia e fé. “O dia de Iemanjá é uma festa que celebra o meio ambiente, o oceano e a vida marinha, mas sem nenhum tipo de direcionamento de sustentabilidade neste sentido. Então, a ideia é que a gente possa fazer cada vez mais uma interdisciplinaridade, mostrando que todas as atividades - seja Carnaval, Réveillon ou qualquer outra - têm relação direta com o meio ambiente”, alerta William Freitas.
A limpeza contou com a parceria de pescadores da colônia do Rio Vermelho, da Unesco, Unifesp, Pró-Mar,