Correio da Bahia

OFERENDA PARA TRAZER OS PEIXES

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barreiras de metal que guiavam a fila até o presente principal. Em uma mão, a ajudante de eventos carregava a flor que depositari­a em um dos diversos balaios. No corpo, estava agarrada a uma sacola que estampava a imagem de Santa Dulce.

Católica e devota de Iemanjá ao mesmo tempo, há uma década ela frequenta a celebração do 2 de Fevereiro. Tudo começou quando, já descrente de uma cura para um problema no coração, apelou à orixá. “Eu não achei ninguém para vir comigo pela primeira vez e vim só, com Deus. Foi quando pedi a cura para Iemanjá e fiz a minha promessa. Graças a ela, eu fiquei boa”, contou muito emocionada.

Também católica, a técnica de enfermagem Marize Gomes, 48, é devota da orixá há mais de 30 anos. “Com 16 anos minha devoção começou graças à minha mãe, que me passou os ensinament­os. Eu respeito todas as religiões e a fé que move as pessoas”.

DIVERSIDAD­E DE MIMOS

Balaios com flores, frutas e bijuterias, Iemanjá, uma mãe vaidosa e que aprecia os enfeites, recebeu presentes que simbolizam a fé, gratidão e reverência de quem acredita em seus poderes de prover fartura e boa sorte.

Muita gente, por sua vez, preferiu garantir espaço em um dos balaios no barracão, mas outros tantos preferiram viver seu momento de renovação espiritual particular do pacto de fé com a divindade e entraram no mar para rezar e depositar flores.

Taís Santana é do candomblé e filha de Iemanjá. No balaio preparado por ela, havia pulseiras e flores. "São oferendas que não vão prejudicar o meio ambiente”, ressaltou. “Desde a madrugada, a gente vem fazer as rezas e trazer os presentes para fortalecer a fé, trazer esperança. Hoje, peço que ela acalme o universo e dê calma às pessoas que estão passando por ansiedade e depressão”.

A funcionári­a pública Luciana Santos, 44, também trouxe rosas acompanhad­as de pedidos e agradecime­ntos para Iemanjá. “A festa é maravilhos­a, muito forte e linda. Peço por proteção e paz. Para agradecer é por saúde”.

A técnica de enfermagem, Railda Sacramento, 68, participa do festejo há mais de 20 anos e lembrou que o cuidado com o meio ambiente cresceu ao longo dos anos na festa. “Agora não colocamos frascos no mar, caixas com sabonete”. Em vez dos produtos, Railda perfumou as rosas. COLABORARA­M LARISSA ALMEIDA, EMILLY OLIVEIRA, MARI LEAL E VINICIUS NASCIMENTO.

A origem da Festa de Iemanjá tem íntima relação com o nome africano do orixá, Yéyé omo ejá, que em iorubá significa ‘mãe cujo os filhos são peixes’. Em 02 de fevereiro de 1923, um grupo de pescadores do Rio Vermelho se juntou para fazer uma oferenda à deusa que reina sobre as águas salgadas para que ela trouxesse abundância, que seus filhos peixes enchessem as redes e garantisse­m sustento aos pescadores

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