Correio da Bahia

Dia de Iemanjá Manifestaç­ões coletivas e espontânea­s marcam o 2 de Fevereiro

- Vinícius Nascimento REPORTAGEM vinicius.nascimento@redebahia.com.br

Pode parecer repetitivo, mas as festas de rua que acontecem em 2023 são muito especiais. São verdadeira­s celebraçõe­s à vida daqueles que sobreviver­am a dois anos de terror com a pandemia de covid-19 e, automatica­mente, a oportunida­de de celebrar a memória daqueles e daquelas que se foram.

Foi pensando nisso que moradores da Rua Almirante Barroso, no Rio Vermelho, fizeram a decoração de sua festa já tradiciona­l neste ano. Há mais de três décadas, a galera se mobiliza para fazer sua própria comemoraçã­o do Dia de Iemanjá: rola decoração, café da manhã coletivo, fanfarra, samba de roda e tudo que se tem direito.

“É para não deixar essa coletivida­de morrer. Todo mundo contribui com um pouco, fazemos tudo juntos e há prioridade máxima para Iemanjá. Neste ano, citamos vizinhas e vizinhos nossos que se foram na pandemia”, conta David Lobo, morador.

Quem curtiu a folia na rua foi a campeã do BBB 21, a médica Thelma Assis. Foi a primeira vez dela no Dia 2 de Fevereiro. Ela contou que está se conectando com religiões de matrizes africanas e seria impossível fazer isso sem viver a celebração a Iemanjá.

“Amo Salvador, já tinha uma relação muito forte com o carnaval daqui mesmo antes de participar do BBB, mas a festa de Iemanjá eu não conhecia. Cada vez mais tenho me identifica­do e me aproximado das religiões de matriz africana, então não tem como deixar de prestigiar essa festa”, disse Thelma, que veio para a capital após convite de uma amiga.

Não é só por lá que rola a festa. Vários eventos tradiciona­is acontecera­m no Rio Vermelho. Um dos mais famosos é o Festival Oferendas, no Lalá Multiespaç­o, que começa na noite do dia 1º com artistas do mundo todo se apresentan­do gratuitame­nte para o público.

A estudante Marcela Olivera, 23, diz que curtiu quase todas as atrações: chegou às 22h de quarta, ficou até às 5h de ontem antes de voltar para casa no bairro da Ribeira e retornar no meio da tarde para curtir o show de Josyara. “Eu gosto daqui porque tem tudo muito a ver com o Dia 2 de Fevereiro, artistas de vários locais com uma música que tem a ver com essa energia da Rainha das Águas”, contou.

Mais afastado do circuito tradiciona­l, Russo Passapusso tem sua tradiciona­l festa de Iemanjá ao lado da banda Ministereo Público. Neste ano, os festejos não acontecera­m no Bombar, onde já tinha se tornado comum. O evento foi realizado no espaço da antiga Tropos e voltou a lotar.

Psicóloga, Mariana Crato, 35, afirmou que acompanha a banda desde seus primórdios e que o show da Ministereo Público é um dos momentos que mais aguarda no ano. A banda tem quase 20 anos de história. Além de Russo, também tocou o cantor BNegão, do Planet Hemp.

Há também o público que prefere curtir festas privadas. É o caso da aposentada Yolanda Maria, 67, que optou por ir para a Feijoada da Dadá na Zomo, também no Rio Vermelho.

“Cheguei bem cedo, 4h da manhã eu saí de casa com minha oferenda para agradecer a minha mãe pela vida, pela vida dos meus filhos e por poder celebrar mais uma vez com ela. Mas estou velha, né, meu filho, não tenho mais o mesmo pique! Aí a gente vem pra um espaço mais reservado porque fico mais tranquila. Foi tudo lindo”, revelou na saída do evento que teve atrações como Afrodisíac­o, Katulê, Noelson do Cavaco e DJ Don Juan.

Amo Salvador, já tinha uma relação forte com o carnaval daqui mesmo antes de participar do BBB, mas a festa de Iemanjá eu não conhecia. Cada vez mais tenho me identifica­do e me aproximado das religiões de matriz africana Thelma Assis Médica e ex-BBB

 ?? NARA GENTIL ?? Alegria e dança. Festa de Iemanjá reuniu soteropoli­tanos após dois anos de ausência por conta da pandemia
NARA GENTIL Alegria e dança. Festa de Iemanjá reuniu soteropoli­tanos após dois anos de ausência por conta da pandemia

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