Correio da Bahia

DIA DE BOTAR O BLOQUINHO NA RUA

- Wendel de Novais REPORTAGEM wendel.novais@redebahia.com.br

As fanfarras e bloquinhos de sopro e percussão ganham destaque no pré-carnaval de Salvador hoje, quando acontece o Habeas Copus, desfile das tradiciona­is bandinhas, no Circuito Sérgio Bezerra, trecho do Circuito Dodô que vai do Farol até o Morro do Cristo. O reinado oficial de Momo só começa nesta quinta-feira (16), mas o aqueciment­o na capital já vem ocorrendo desde o último final de semana, com as festas Fuzuê, Furdunço e Pipoco, esse último ocorrido ontem.

O Habeas Copus, assim como as demais folias de pré-carnaval retorna este ano, depois de dois anos sem desfiles por conta da pandemia de covid-19. Serão, ao todo, 18 atrações que vão arrastar os foliões com marchinhas de carnavais antigos e muita irreverênc­ia.

O nome do evento é uma homenagem ao empresário Sérgio Bezerra, dono do bar Habeas Copus – que também batiza uma banda criada por ele e amigos -, que foi quem começou a festa ‘alternativ­a’ ainda nos anos 1990. Para o retorno em 2023, ele tem altas expectativ­as: "Depois de dois anos sem [a festa], a volta é uma alegria para mim, para os músicos, para os ambulantes e para todos que curtem as fanfarras. E ainda tem novidade: a abertura será com o desfile de 100 baianas, no nosso circuito tão querido".

O desfile citado pelo empresário é da Associação das Baianas de Acarajé, Mingau e Receptivo do Estado da Bahia (Abam). Acompanhad­as por um grupo de percussion­istas, as baianas vão homenagear Gal Costa, o Gandhy e a democracia.

Na programaçã­o musical, além da própria banda Habeas Copos, os foliões vão curtir diferentes bloquinhos como O Chuveirão, Concentra + Não Sai, Contaminad­os Pela Picuinha e Xupisco.

Márcia Silva, 58, curte justamente o tom debochado e descontraí­do da festa e a oportunida­de de, ao som das bandinhas, relembrar os carnavais mais antigos. "Por alguns momentos, fecho os olhos e volto no tempo em que comecei a ir com meus pais. É gostoso demais ver essa parte do Carnaval ainda resistindo e sendo um ponto de início para muitos. Vejo sempre pais com seus pequenos dando o primeiro passo na folia", comenta.

O Habeas também encanta quem faz parte da nova geração. Lara Silva, 24, sempre que pode comparece ao evento de pré-carnaval. Mesmo saindo só às 21h do trabalho, pretende passar por lá. "É um momento de mistura perfeita do Carnaval antigo, dos bloquinhos, bandas de sopro e fanfarras com a festa de hoje, com a galera na agonia. Além de ser um início mais tranquilo, como se tivesse te preparando para a festa", afirma.

Ao comentar o carinho dos foliões pelo circuito e pelo Habeas, Sérgio afirma que não teria como ser diferente dado o peso cultural e musical que a tradição carrega em cada fanfarra. "Esse Carnaval [das fanfarras] é eterno, não tem jeito. Uma tradição que todo mundo gosta. Uma festa de qualidade musical e com letras maravilhos­as que marcaram história. Por isso, jamais deixaram de ser tocadas e ouvidas no Carnaval", diz o empresário.

A GRAVATA DE ARMANDINHO

Se na Barra vai ter resgate das músicas que marcaram época no Carnaval, no Santo Antônio Além do Carmo, quem vai comandar a prévia carnavales­ca é o músico Armandinho Macêdo e sua guitarra baiana.

O artista sobe no trio e comanda a festa edo Gravata Doida, bloco sem cordas que tem 24 anos de história e folia no Centro Histórico.

A concentraç­ão é hoje, às 18h, na Cruz do Pascoal. Lá para as 19h30 o trio sai em direção à Praça do Santo Antônio. Co-fundador do Gravata Doida, Márvio Santos afirma que levar Armandinho para o bloco é um sonho realizado e que a expectativ­a para esse ano é a melhor possível: "Esse ano promete muito. Ter Armandinho no Gravata é um sonho particular meu. Lá atrás, ficava pensando em um dia ver ele no nosso trio. Pra mim, vai ser uma emoção muito grande vê-lo com a gente", afirma Márvio, projetando uma recepção calorosa para o artista por parte dos foliões do bloco.

O Gravata Doida começou com 50 pessoas desfilando. Este ano, um mês antes do bloco sair, todas as 1.500 fantasias – que fazem uma homenagem ao Afoxé Filhos de Ghandy - já estavam vendidas. Apesar de ter um 'abadá', o trio é aberto, não tem cordas e todo mundo curte junto, com ou sem a fantasia. O biólogo Emerson Santos, 33, conta que "o Gravata foi uma descoberta. Comecei a ir e depois virou tradição. Todo ano vou com meus amigos. A gente nem compra a fantasia, mas sempre é bem recebido, a energia do bloco é legal demais. Esse ano, com Armandinho comandando, o negócio vai ser ainda melhor", projeta ele.

Após a chegada no Praça do Santo Antônio, uma festa fechada do Gravata Doida acontece com Alexandre Peixe no comando. Para essa, porém, os ingressos já estão esgotados e não haverá abertura de novos lotes.

Esse Carnaval das fanfarras é eterno, não tem jeito. Uma tradição que todo mundo gosta Sérgio Bezerra, um dos fundadores do Habeas Copus

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MARINA SILVA
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