Estado tem 4,4 milhões de pessoas endividadas
Inadimplência cresce e feirão oferece descontos de até 99% para pagar contas
Depois da fantasia carnavalesca, é hora da realidade bater à porta. E, ao invés de glitter, o que ela traz são as dívidas ainda não pagas. Na Bahia, a visita indesejada chega para 4,4 milhões de baianos, considerados inadimplentes no mês de janeiro, ou seja, 39% da população adulta no estado.
Conforme dados da Serasa, o número é maior do que o registrado em dezembro do ano passado, quando a Bahia tinha 4,3 milhões de pessoas nessa situação. Somados os novos 100 mil inadimplentes, o estado saiu do quinto, para o quarto lugar no ranking da inadimplência do país, perdendo apenas para São Paulo (16,3 mi), Rio de Janeiro (7,1 mi) e Minas Gerais (6,6 mi).
Se o número de baianos com o nome sujo é grande, a quantidade de dívidas é ainda maior. Ao todo, a Serasa contabiliza 13,3 milhões de dívidas não pagas. A soma dos valores devidos chega a R$ 15 bilhões. O que corresponde a média de R$ 3 mil a ser pago por cada inadimplente no estado. da população adulta da Bahia está endividada bilhões de reais é o total da dívida dos baianos, em janeiro. Só os moradores de Salvador devem
R$ 5,7 bilhões
Do total de inadimplentes baianos, 27% estão em Salvador. Em números, isso equivale a 1,2 milhão de pessoas e a 4 milhões de dívidas não pagas. Juntos, os soteropolitanos devem R$ 5,7 bilhões aos seus credores. Dividido igualmente, o valor a ser pago por cada inadimplente na capital é maior do que o devido por cada baiano, chegando a R$ 4,5 mil.
O valor é apenas uma média entre a quantidade de devedores e de dinheiro devido na praça. Tanto que gente como a copeira Adailza Santos, 45 anos, está fora dessa média. Sua dívida, provavelmente, superou esse valor logo no primeiro ano do não pagamento. Desde lá, já se passaram outros quatro.
NOVOS GASTOS
A restrição do nome veio depois que ela se separou do ex-marido e não pôde mais pagar as mensalidades da faculdade de administração que cursou por dois semestres. Até então, contas de casa e a escola do filho eram divididas por dois, mas, após a separação, ela precisou assumir pagamentos sozinha.
“A faculdade ficou em segundo plano, porque a prioridade era a escola do meu filho. A gente não quer ficar endividado, mas sempre que conseguimos nos planejar surge alguma emergência e o pagamento da dívida vai sendo adiado”, conta Adailza.
Ela é o retrato do perfil dos inadimplentes na Bahia, onde 53% são mulheres, contra 47% de homens. Em contrapartida, as baianas também são as que mais honram suas dívidas, segundo afirma o gerente da Serasa, Daniel Bizanha. A explicação para a maior aquisição de dívidas está no fato de muitas serem as principais - ou até as únicas - responsáveis pelo sustento do lar em que vivem.
“Outra suposição é que, quando casadas, os companheiros usam o nome delas para fazer cartões de crédito ou tomar empréstimos, porque o nome dele já está sujo. Mas o que temos cem por cento de certeza é de que, hoje, as mulheres são as que mais honram seus compromissos [de pagamento]”, explica o gerente da Serasa.
PELA IDADE
As demandas que chegam com o avançar da idade também põem a população baiana com idades entre 41 e 60 anos entre a mais endividada do estado, sendo 35% do total. Na esteira aparecem os jovens de 26 a 40 anos (34%), seguidos dos idosos acima de 60 anos (19%) e das pessoas com menos de 25 anos (12%), respectivamente.
Os maiores vilões da inadimplência são os cartões de crédito. Segundo dados da Serasa, são responsáveis por 32% das dívidas não pagas na Bahia. Velho conhecido no quesito, a pandemia foi um agravante para o seu uso indiscriminado. Enquanto até 2020, os baianos usavam o cartão de crédito para emergências, como o conserto de um eletrodoméstico ou a reforma da casa, agora, estão usando para o pagamento parcelado de necessidades básicas, como alimentação.
“A necessidade puxou e as operadoras ficaram cada vez mais apelativas, por isso, é preciso ficar atento às condições de contratação do cartão”, alerta o gerente da Serasa. Além do cartão de crédito, as maiores inadimplências são puxadas pelas contas básicas (20%) e pelo setor de varejo (17%).
* COM ORIENTAÇÃO DA SUBEDITORA FERNANDA VARELA.
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