Mais de 300 são detidos na França em protestos contra reforma da Previdência
CLIMA TENSO A batalha contra a reforma da previdência de Emmanuel Macron na França se intensificou nesta sexta-feira, com o aumento dos protestos e a apresentação de duas moções de censura contra o governo da premiê Élisabeth Borne. Mais de 300 pessoas foram detidas. O presidente decidiu, no dia anterior, elevar por decreto a idade de aposentadoria sem votação no Parlamento.
O decreto intensificou o confronto com os sindicatos, que prometeram mais greves, e com manifestantes cada vez mais furiosos, que retornaram às ruas de Paris e de outras cidades para pressionar os legisladores a derrubar o governo.
Os garis estenderam sua greve de 12 dias, deixando pilhas de lixo por toda a capital, bloqueando o maior local de incineração da Europa. A prefeitura de Paris informou que 10 mil toneladas de lixo já se acumularam nas ruas da cidade, uma das mais visitadas do mundo.
A decisão do presidente, anunciada pela premiê na quinta-feira, durante discurso no plenário da Assembleia
Nacional, enfureceu os oponentes do projeto de lei, que já havia sido aprovado pelo Senado. De acordo com as regras da Constituição francesa, o projeto das aposentadorias se tornará lei, a menos que uma moção de desconfiança contra o governo seja bem-sucedida na Assembleia Nacional.
Vários grupos de oposição disseram que concordaram em apoiar uma moção de desconfiança, que teve uma proposta apresentada uma pelo grupo parlamentar independente LIOT, de oposição, e outra pela extrema direita. Se aprovada, ela pode derrubar Borne e, por sua vez, a reforma.
Macron decidiu adotar a reforma sem submetê-la ao voto dos deputados, temendo uma derrota no Parlamento, ao recorrer a um mecanismo controverso: o artigo 49.3 da Constituição. Seu objetivo é aumentar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e adiantar para 2027 a exigência de contribuição de 43 anos (e não 42 como agora) para solicitar uma aposentadoria completa.