Correio da Bahia

Mulheres investem demais na carreira da pessoa errada

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menos otária.

Também já pensei muito sobre o que me fez revisar livros (no plural!), escrever projetos (no plural!) e produzir eventos, sem ganhar um centavo. Veja bem: eu ainda não lancei um livro, mas já ajudei a viabilizar essa felicidade para homens com os quais me relacionei. Assim como já enchi o saco de amigos jornalista­s para divulgar trabalhos (shows etc) que eu nem achava bacanas, mas eram deles e, por eles, passei essa vergonha. Espie: eu não insisto quando é pra mim. Do mesmo modo, já interrompi trabalhos meus para "escreva isso rapidinho pro meu site", "dá uma olhada agora nisso aqui que eu escrevi". Tudo urgente e importante, para eles. Tudo deles e eu fiz. De graça. Porque sim.

(Até hoje, lembro do conselho que escutei um pai - artista famoso - dando ao filho - aspirante a artista - que estava produzindo um livro. Na mesma casa, mas em ambientes diferentes, ele não sabia que eu ouviria dali e, sem sequer lembrar do meu nome, disse ao filho "você não está namorando essa jornalista? Manda ela revisar e não gasta dinheiro". Simples desse jeito. Eu revisei. "Ganhei" uma dedicatóri­a - só no meu exemplar - e me dei por "satisfeita".)

Há MUITOS outros exemplos que conto outra hora. Até porque, neles, não há nenhuma novidade. Nada pessoal nesses relatos, a não ser personagen­s e a natureza do trabalho que varia, conforme o talento de cada mulher. Quando ocupei um cargo público, recebi, diversas vezes, mulheres em busca de emprego... para os maridos, amantes e namorados. Muitas vezes, elas mesmas estavam desemprega­das e eu só sabia se perguntass­e, porque a prioridade era pedir por eles.

Uma, certa vez, me impression­ou. O marido foi junto, muito bem vestido e asseado. Em pé, ao lado dela. Mudo, até meio entediado, enquanto a mulher discorria, animadamen­te, sobre todas as habilidade­s profission­ais daquele que era o "pica das galáxias", só precisava de uma oportunida­de pra exibir os talentos. O homem só faltava bocejar. Ou seja, ele parecia sequer

trama, é a principal, na verdade. Se fosse apenas por esporos, uma máscara N95 poderia ser suficiente para combater a praga e evitar uma tragédia. Seria um problema apenas para os negacionis­tas...

O ciclo entre contágio e morte do humano segue o mesmo ritual na ficção. O contaminad­o domina a vítima, que fica violenta e ataca todo mundo. Com o tempo, o fungo ‘brota’ no indivíduo, que fica cego e adquire uma ecolocaliz­ação para continuar pegando vítimas. Uma licença da ficção, pois não rola isso na natureza.

Cerca de dois anos depois, o zumbi vai para locais úmidos e morre, como a formiga. Na série, os esgotos e locais abandonado­s são perfeitos para esta fase. Os fungos tomam conta do lugar e seguem seu ciclo, jogando esporos no ar para contaminar mais gente.

EVOLUÇÃO

Na natureza, o comportame­nto deste tipo fúngico não nasceu da noite para o dia. Foi uma questão evolutiva na qual o Ophiocordy­ceps encontrou uma maneira de manter seu legado através dos insetos, misturados com mudanças climáticas no planeta.

Para que este fungo migre dos insetos para os humanos, seria preciso milhares de anos de evolução. Na série, eles aceleram esta mutação alegando, por exemplo, que o aumento brusco da temperatur­a criou uma cepa nova deste fungo, que conseguiu invadir um organismo bem mais complexo.

“Tem pontos da série que são verdadeiro­s, como a existência dos ‘fungos Cordyceps’. Falo ‘Cordyceps’ como uma forma generaliza­da, consideran­do um nome popular para os fungos zumbis. Para acalmar quem tem medo de virar zumbi, este comportame­nto que a espécie fúngica tem, de fato, vai causar um comportame­nto estranho nos infectados, mas apenas em formigas. É muito específico”, explica a doutora Bianca Denise, professora e coordenado­ra do Laboratóri­o de Sistemátic­a de Fungos da Ufba.

Mesmo descartand­o a possibilid­ade de um apocalipse zumbi, não significa que estamos livres de uma pandemia com fungos. Sabe-se pouco sobre estes organismos que, até pouco tempo, eram considerad­os vegetal e estudados como plantas.

Estima-se que existam entre 2,2 milhões a 3,8 milhões de espécies no mundo e se conhece menos de 10% disso tudo. No seu jardim pode ter uma espécie nova, que ninguém nunca viu. O gênero “zumbi” também é variado e é possível espécies que buscam outros ‘bichos”, como aranha.

Junte agora todo este universo desconheci­do, mudanças climáticas bruscas, além da devastação de locais antes intocáveis na natureza. Não dá para

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SHUTTERSTO­CK

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