Correio da Bahia

ENTRE/DINHEIRO

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Um par de brincos, um relógio, um anel e um colar duplo, repleto de pingentes. Cuidadosam­ente distribuíd­as sob um veludo escuro, dentro de uma caixa de couro legítimo, todas as peças reluzem — afinal, são cravejadas de diamantes e pertencem a uma das grifes de joias mais seletas do mundo: a Chopard. Juntas, estão avaliadas em R$ 16,5 milhões. As joias em questão eram presentes do governo da Arábia Saudita para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro, e foram apreendida­s em outubro de 2021 pela Receita Federal, no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. O motivo? O então ministro do governo Bolsonoro, Bento Albuquerqu­e, tentou entrar no país com a coleção de joias sem declarar os itens à Alfândega. O caso veio à público nas últimas semanas e a Chopard virou manchete em todo o Brasil. A aparição da grife de moda nas páginas políticas, chama atenção. E quem consome a marca, agora, quer esconder.

A grife, de origem suíça, parece ser uma velha conhecida de famílias ricas, inclusive na Bahia. Porém, encontrar pessoas dispostas a falar sobre o assunto é uma tarefa difícil. A reportagem tentou entrevista­r seis influencer­s, três especialis­tas do mercado e quatro joalheiros. Todos se recusaram a falar. Em anônimo, uma fonte próxima de algumas influencia­doras bem-nascidas da capital baiana confirmou que o medo é o principal motivo do silêncio.

"Quem consome esse produto, geralmente, é muito rico. Eles compram para fazer patrimônio. sem declarar.

Não vende na Bahia. Normalment­e, compram em viagens internacio­nais", garante a fonte anônima. Na Bahia, a marca mais cara do segmento é a Rolex, que tem valores abaixo da helvética. Enquanto os relógios mais vendidos da primeira grife custam, em média, entre R$ 40 e R$ 300 mil, os modelos mais baratos da Chopard iniciam na casa dos R$ 400 mil.

"A Rolex é a marca mais luxuosa vendida na Bahia no setor de joias, ainda assim, fica distante da realidade da Chopard. É uma marca exclusiva, acho difícil algum cliente topar falar. Depois da Lava Jato no Brasil, ninguém quer assumir que compra joias", acrescenta a fonte ouvida pelo CORREIO.

Tentar fugir da tributação de bens de luxo é uma prática antiga dos consumidor­es da grife suíça. Segundo o jornal francês 'Le Parisien', a Chopard já teria se envolvido em um esquema para driblar alfândegas na França. Uma reportagem publicada pelo veí

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