Criação da vacina tem participação de núcleo das Osid
atento aos sinais e procurar um médico logo nos primeiros dias de sintomas. “Normalmente as arboviroses causam febre, fraqueza e dor de cabeça. A zika dá um quadro menos intenso e com manchas no corpo. A característica principal da Chikungunya é muitas dores no corpo”, diz Gúbio Soares.
ZIKA E CHIKUNGUNYA
Assim como a dengue, os casos de zika também crescem e em ritmo ainda mais acelerado. Já são 332 registros da doença no estado neste ano, contra 182 no mesmo período de 2022. O incremento é de 82%. Segundo a secretaria estadual de Saúde, 42 municípios baianos realizaram notificações para o agravo da doença. Piripá, Itapé e Ituberá são as cidades com mais casos registrados.
“O ideal seria que o estado não tivesse nenhum caso de zika porque é muito perigoso para a população, principalmente para mulheres grávidas e que planejam engravidar. Não sabemos a intensidade da circulação em Salvador”, analisa Gúbio Soares, que é o descobridor do vírus no Brasil. Em 2015, houve uma explosão de casos de microcefalia em crianças associadas ao zika vírus.
Na contramão da curva ascendente, outra doença transmitida pelo Aedes aegypti registra diminuição de casos na Bahia. Entre 1º de janeiro e 11 de março, foram notificados 3.769 casos de chikungunya. O número representa uma diminuição de 25% em comparação com o ano passado, quando 5.839 registros foram feitos no mesmo período.
Afinal, se o mesmo tipo de mosquito é responsável pela transmissão dos três vírus, como é possível que uma das doenças esteja em queda? Apesar de não haver resposta definitiva para essa pergunta, estudos indicam que o cenário pode ter ligação com a imunidade da população. As doenças virais se espalham com mais facilidade onde os moradores não estão imunes, como lembra Viviane Boaventura, pesquisadora da Fiocruz e professora de Medicina da Ufba.
“A chikungunya parece conferir uma proteção mais duradoura, com anticorpos circulando por longo período após a infecção. Assim, se uma região sofreu uma epidemia recente, é esperado que parte da população esteja protegida, o que reduz a chance do vírus se espalhar”, explica Viviane Boaventura. Nenhuma morte por zika e chikungunya foram registradas este ano no estado.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, na última quinta-feira, o registro de uma nova vacina para a prevenção da dengue. A Qdenga, da empresa Takeda Pharma Ltda., é composta por quatro diferentes sorotipos do vírus, conferindo uma ampla proteção. O Centro de Pesquisa Clínica das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) está entre os cinco núcleos do país responsáveis pelos ensaios clínicos para aprovação.
O imunizante é o único contra a dengue aprovado no Brasil para a utilização em pessoas que não tiveram exposição anterior à dengue e sem necessidade de teste pré–vacinação. A vacina é indicada para indivíduos de 4 a 60 anos de idade. Apesar da boa notícia, ainda há uma longa caminhada.
A vacina ainda deve ser analisada pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), que define um preço teto da vacina. Na sequência, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) analisará a incorporação na rede pública de saúde. Ou seja, o imunizante deve ser disponibilizado inicialmente em clínicas particulares.
O infectologista Edson Moreira, coordenador do Centro de Pesquisa Clínica das Obras Sociais Irmã Dulce, ressalta as dificuldades para a elaboração do imunizante.
“A vacina para dengue é um grande desafio porque a doença é causada por quatro subtipos de vírus. Nós tivemos que despertar uma resposta imune que fosse capaz de proteger os quatro tipos”, afirma o médico pesquisador. Para que a eficácia fosse suficiente, uma técnica conhecida foi utilizada.
Virologista e pesquisador
pesquisadora da Fiocruz e professora da Faculdade de Medicina da Ufba
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