Marina diz que levou ‘ferroada de arraia’, mas fica no governo
POLÊMICA Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva vai continuar fazendo parte do governo federal. Em reunião com o presidente Lula, ministros palacianos, líderes no Congresso e Sonia Guajajara — que assim como ela teve a pasta do Ministério dos Povos Indígenas esvaziada no relatório, aprovado em comissão, sobre mudanças na Medida Provisória que definiu a estrutura do governo —, Marina revelou que foi questionada algumas vezes sobre uma eventual saída da administração, mas que vai ficar e “resistir” às investidas do Congresso para minar sua pasta.
O ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha, abriu a reunião de sexta-feira fazendo uma analogia entre seu trabalho e o que realizou quando era médico na Amazônia. Afirmou que quando entrava numa trilha ou na mata fechada, seu principal objetivo era “sair vivo”, mas que sabia que podia levar uma ferroada de arraia.
Na sua vez de falar, Marina Silva aproveitou a metáfora e afirmou ter sentido que as políticas ambientais levaram, de fato, uma “ferrada de arraia”. No entanto, confirmou que permaneceria no cargo para resistir.
A desidratação das pastas de Marina e Guajajara gerou reação em grupos organizados da sociedade civil e dentro do próprio governo. Marina chegou a falar em “resistir” e reagiu ao ato do Congresso ao dizer que os parlamentares “estão transformando a MP da gestão do governo que ganhou na MP do governo que perdeu”, numa alusão à estrutura da Esplanada durante a gestão Jair Bolsonaro (PL), que desmontou a área ambiental para privilegiar os interesses da bancada ruralista.
Além do CAR, a pasta de Marina Silva perdeu a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico
(ANA) para o Ministério da Integração e a gestão de resíduos sólidos para o Ministério
das Cidades. Já Guajajara não terá mais sob seu comando a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), devolvida ao Ministério da Justiça.
Nesta sexta-feira, o ministro Padilha afirmou ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que Marina desempenha o papel de “sustentar” a agenda ambiental da gestão Lula. Quando questionado sobre a possível saída da ministra do governo, Padilha disse que “em nenhum momento isso entrou em discussão”.
CONVERSA O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva conversou, por telefone, com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e reforçou a posição do Brasil para as negociações de um acordo de paz entre russos e ucranianos. Lula recusou o convite de Putin para ir ao Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, evento que ocorre desde 1997 na cidade russa. A edição de 2023 será entre 14 e 17 de julho.
Desde o início do mandato, Lula articula com diversos países apoio para o fim do conflito na Ucrânia.
“Agradeci a um convite para ir ao Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, e respondi que não posso ir à Rússia nesse momento, mas reiterei a disposição do Brasil, junto com a Índia, Indonésia e China, de conversar com ambos os lados do conflito em busca da paz”, escreveu o presidente em publicação nas redes sociais.
Na reunião do G7, Lula manteve sua posição sobre a guerra na Ucrânia, condenando a invasão do país pela Rússia. Segundo ele, neste momento, não há interesse das partes em falar sobre a paz.
Situação delicada no Congresso. Há uma maioria de parlamentares que gostariam de reeditar a estrutura do governo anterior Marina Silva Ministra do Meio Ambiente, em entrevista à CNN
LULA RECUSA CONVITE DE PUTIN PARA IR A FÓRUM