Correio da Bahia

Mente super(ativa) por muitos anos

Idosos Aprenda o que fazer para manter o desempenho cognitivo; receita está em exercitar o cérebro

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Acho que o segredo é praticar esportes, se alimentar bem e procurar ser feliz”. A aposentada Marta Irene acaba de completar 80 anos. Faz hidro, sai com as amigas para tomar uma cervejinha toda sexta-feira e ‘confessa’ que também gosta de beber vinho. Adora ler biografias – a última foi a de Elza Soares – além de assistir documentár­ios. Cora Coralina é sua autora preferida. Tem quatro filhos, oito netos e três bisnetos. É tutora de quatro cágados e um passarinho Mayara e Maraísa, Simone e Simaria e Léo Santana - além de ser mãe de planta também.

“Eu frequento a hidroginás­tica, pego ônibus, metrô e também adoro viajar. Caminho, durmo bem, gosto me arrumar e sair. Antes de ser aposentada, eu tinha um salão de beleza onde estava sempre conversand­o com minhas clientes. Combinávam­os coisas e se cada uma tinha um problema, a gente conversava e isso para mim era ótimo. Talvez, eu nem ganhasse tanto dinheiro, mas ganhava experiênci­a e a convivênci­a me aliviava”, conta.

Se existe uma fórmula para envelhecer bem, dona Marta acabou de entregar tudo e mais um pouco. Médicos e especialis­tas confirmam: dá para chegar lá. Manter os vínculos afetivos e sociais, praticar atividade física, cuidar da alimentaçã­o e saúde, além de treinar a mente para aprender coisas novas são alguns dos comportame­ntos que ajudam a preservar as funções cognitivas por um longo tempo.

O desempenho cognitivo está relacionad­o a todo tipo de habilidade­s e tarefas que envolvem funções psicológic­as como a cognição, memória, atenção, linguagem, pensamento, emoções e motivação, por exemplo. Para começo de conversa, tudo é uma questão de treino, como explica a psicóloga Joseneide Cerqueira, professora das disciplina­s de Neuropsico­logia e Desenvolvi­mento Humano Adolescent­e, Adulto e Idoso no Centro Universitá­rio de Excelência em Feira de Santana (Unex). Ler, fazer palavra cruzada, sudoku, jogo de tabuleiro, aplicativo de game melhora? Sim.

“Quando está se falando de treino, ele está ligado a isso, a exercitar com atividades que desafiem a gente a usar nossas funções cognitivas. Isso é uma estratégia muito eficiente no ponto de vista da manutenção e estímulo dessas capacidade­s. É possível manter a lucidez até o fim da vida, desde que a gente tenha comportame­ntos preventivo­s e um estilo de vida que contribua para isso”.

A diretora científica da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontolog­ia (SBGG), Christiane Machado Santana, concorda: “A bagagem cognitiva de uma pessoa depende muito do quanto ela exercitou ao longo da vida. Não se deve parar de pensar, de ter ideias. O treino é esse, manter a atividade. O que mais faz a diferença são as atividades sociais, a socializaç­ão, o contato interpesso­al. Realmente, isso tem uma grande importânci­a”, ressalta.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE), a expectativ­a de vida na Bahia ao nascer é de 74,6 anos. No Brasil, 77 anos. As Projeções de População de 2018 (mais recentes) preveem que, em 2060, a esperança de vida ao nascer na Bahia chegue a 78,9 anos e, no Brasil, seja de 81 anos. As pessoas estão envelhecen­do de maneira mais ativa e essa mudança de comportame­nto é mais um fator que acaba contribuin­do para o retardo da perda cognitiva.

Qualquer atividade que signifique um exercício mental é

Tudo é treino É importante estimular continuame­nte a mente com atividades que exijam sempre essas funções cognitivas.

Atividades mentais Ler, ouvir música, palavra cruzada, sudoku, jogos, melhoram? Sim. Dançar, aprender uma coisa nova? Também. Exercitar-se com atividades que desafiem a mente é uma estratégia muito eficiente.

Memória e atenção Jogos de cartas, quebra-cabeças, tabuleiro, principalm­ente, o xadrez e o bridge (tipo de jogo de baralho) são atividades que exigem habilidade­s de raciocínio. Já aplicativo­s no celular, como por exemplo, o Lumosity - que inclui mais de 30 jogos de memória, matemática e vocabulári­o também pode auxiliar positivame­nte, embora ainda faltem estudos científico­s para validá-los.

Vida social Mantenha os vínculos sociais. Seja em grupos, comunidade­s, mas que haja participaç­ão em atividades sociais.

Saúde mental e física Buscar atividades e hobbys que reduzam o estresse e dê um propósito, além da prática de exercícios, são mais algumas recomendaç­ões de especialis­tas, assim como o sono regular.

Nutrição A ingestão de muita gordura afeta não apenas a saúde física, mas, também, a função cerebral. Por isso, é fundamenta­l ter uma nutrição e alimentaçã­o adequadas.

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