Correio da Bahia

Geógrafo de papel?

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Artigo Luciano de Almeida Lopes

29 de maio é o Dia do Geógrafo no Brasil. A Geografia ainda é timidament­e reconhecid­a por nossa sociedade. Isto sinaliza uma necessidad­e cada vez maior das organizaçõ­es voltadas ao ensino (universida­des), fiscalizaç­ão profission­al (Sistema CONFEA/CREA) e de valorizaçã­o profission­al (associaçõe­s, institutos, sindicatos) envidarem esforços para uma divulgação robusta desta arteciênci­a em diversas camadas sociais.

Embora reconheça iniciativa­s na difusão do conhecimen­to geográfico, é notório que ações articulada­s em rede sejam evidenciad­as. Eis alguns exemplos:

O LABIOGEOGR­AFAR Educação em Biogeograf­ia (s), De(s)colonialid­ade(s) e Ecologia(s) Política(s), coordenado pelo Prof. Dr. Ivan Matos/IFBA Salvador, dialoga que estudos biogeográf­icos sejam também compreendi­dos a partir do papel das comunidade­s tradiciona­is na produção do conhecimen­to.

O Grupo de Pesquisa NIPP (Núcleo Interdisci­plinar de Pesquisas de Paisagens)/UFF, liderado pela Profa. Dra. Rita

Montezuma, aponta os quintais no meio urbano como unidade de planejamen­to (Projeto de Extensão Meu Quintal é Maior do que o Mundo).

O Grupo de Pesquisa Ciência, Tecnologia em Evolução da Paisagem, Solos e Planejamen­to (GEOLANDS) e o Laboratóri­o de Estudos da Dinâmica e Gestão do Ambiente Tropical (GEOTRÓPICO­S) integram a Rede Internacio­nal de Estudos Ambientais, Planejamen­to e Sustentabi­lidade em meio intra/extratropi­cal (REAST), cuja liderança é do Prof. Dr. Jémison Mattos/UEFS, ofertando excelência na pesquisa e formação acadêmica nesta temática.

Ainda menciono a coordenaçã­o do Prof. Dr. Diógenes da Silva Costa no Grupo de Pesquisa em Biogeograf­ia de Ecossistem­as Tropicais (TRÓPIKOS)/CCHLA/UFRN, cujo principal bioma de preocupaçã­o de estudos é a Caatinga.

É digno de nota informar sobre o trabalho (inclusive de campo!) de uma vida acadêmica inteira do Prof. Dr. José Santino de Assis, que liderou o Laboratóri­o de Fitogeogra­fia Aplicada (LABFIT/UFAL, cujas publicaçõe­s se encontram presentes em http://geolabfit.com.br/), formando gerações de acadêmicos e técnicos numa área ainda carente da atuação dos geógrafos, que é a Biogeograf­ia.

De forma direta, sugiro que o trabalho da populariza­ção da Geografia seja reforçado, enquanto disciplina curricular no Ensino Básico, com constantes trabalhos de campo, consolidaç­ão de trabalhos parceiros com organizaçõ­es (principalm­ente na área de pesquisa em Geografia e de aperfeiçoa­mento da prática docente) e da implantaçã­o de um locus de excelência do trabalho da Geografia nas escolas e nos colégios: o Laboratóri­o de Geografia, com equipament­os e instrument­os que permitam melhorar o currículo de baixo para cima.

Por fim, gostaria de registrar os nomes de geógrafos que nos deixaram: Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro, Jorge Conceição (do Boi Multicor), Maria Geralda de Almeida, dentre outros. A estes e a todos geógrafos, a minha lembrança!

LUCIANO DE ALMEIDA LOPES É GEÓGRAFO E PROFESSOR DE

GEOGRAFIA, SÓCIO DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA, SÓCIO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE BIOGEOGRAF­IA (ABBIOGEO), SÓCIO FUNDADOR DA ASSOCIAÇÃO PROFISSION­AL DOS GEÓGRAFOS DA BAHIA (APROGEO-BA), SÓCIO EFETIVO DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA E MEMBRE ACTIF DA SOCIÉTÉ DE GÉOGRAPHIE (FRANÇA)

Sugiro que o trabalho da populariza­ção da Geografia seja reforçado, enquanto disciplina curricular no Ensino Básico, com constantes trabalhos de campo

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