Abraçar e agradecer à grande mãe
Um plenário repleto de trajes brancos e cantos de alegria: foi assim a cerimônia de entrega da Comenda Maria Quitéria a Mãe Carmen, ialorixá do Terreiro do Gantois, na noite de ontem. Mãe Carmen, de 95 anos, lidera o Terreiro há 21.
Entre os presentes, estavam a vereadora Marta Rodrigues, proponente da Comenda a Mãe Carmen, o presidente da Fundação Gregório de Matos, Fernando Guerreiro, representando o prefeito Bruno Reis, além de Ângela Guimarães, Secretária de Promoção da Igualdade Racial, os padres Edson Menezes e Lázaro Muniz, a ialorixá Mãe Márcia de Ogum e a cantora Daniela Mercury.
Para Mãe Carmen, ter seus ensinamentos alcançando pessoas fora do Gantois e registrados para as próximas gerações é uma sensação indescritível. “Só dá para sentir. O coração incha, a gente fica nas nuvens. A gente sabe que tudo isso acontece, mas quando é com a gente, só ficamos só agradecidos.
Com 95 anos, receber uma homenagem dessas!”, disse.
A entrega do título aconteceu na Câmara Municipal de Salvador. Na ocasião, também foi lançado o livro de memórias e histórias de Mãe Carmen, Awon Ona Jagun. O livro foi escrito por quatro iniciados no Gantois: Tanira Fontoura, Tiago Coutinho, José Ricardo Lemos e Rubens Caldas. Com design de Breno Loeser, o livro contou com consultoria religiosa de Iyá Kekeré Angela Ferreira e Iyá Dagan Neli Cristina Oliveira e participação do professor Adinelson Akambi Odé, consultor linguístico, que faz a tradução de parte da obra para o iorubá.
Tiago Coutinho, um dos autores, vê a publicação como um ‘ebó literário’, uma oportunidade de ampliar o alcance das histórias de Mãe Carmen, que eram transmitidas oralmente para os membros do Gantois. “O livro surge com o objetivo de deixar registrado de uma outra perspectiva, para além da escuta, tantas narrativas que minha mãe Carmen tem feito ao longo da sua trajetória de vida. Por isso, a gente considera que o livro é um grande ebó literário. É uma grande oferenda à sociedade como um todo.”, disse.
Para Adinelson Akambi, o contato com o iorubá é essencial para entender o papel do candomblé na preservação da ancestralidade. “O candomblé sempre foi entendido apenas como um lugar religioso, mas os terreiros
Ahistória é de Mãe Carmem, mas é uma história que fala do poder negro e feminino, desse legado ancestral Tiago Coutinho Escritor