QUAL MARCA GANHA MAIS?
Lucro operacional revela que a italiana Ferrari ganha 415 vezes mais por carro vendido que a chinesa GWM
Ano passado a Toyota foi a marca que mais comercializou veículos globalmente. No entanto, quando o índice é a rentabilidade a vencedora da disputa é a Ferrari. Se em 2022 o lucro operacional - o dinheiro ganho depois de pagar as despesas necessárias para operar - da companhia italiana era de 24%, ano passado pulou para 27%. É mais que o dobro da Toyota, que obteve 11,1%.
Esses índices são fruto de uma análise dos resultados financeiros publicados pela maioria dos fabricantes de automóveis ocidentais e duas marcas chinesas. Compilados por Felipe Munoz, analista da Jato Dynamics, os dados indicam que a indústria teve um ano muito bom em termos de receita e lucros.
Os dados de 24 fabricante indicam que a receita - obtida com a venda de carros e outras atividades - aumentou 11%, somando 2,25 trilhões de euros. O aumento dessa receita não é explicado apenas pelo aumento das unidades vendidas, que tiveram aumento de 9%, mas pelo preço mais alto dos veículos. O grupo Volkswagen, Toyota e Stellantis registraram a maior receita, com aumentos de 15%, 11% e 6%, respectivamente. Entre as empresas avaliadas, 23 registraram aumentos, com exceção de Isuzu, cujas receitas permaneceram estáveis.
A ITALIANA E A ALEMÃ
Os lucros operacionais da Ferrari totalizaram 1,61 bilhão de euros, representando 27% da receita total. Esta é uma enorme margem operacional que confirma a posição sólida da montadora na indústria. Em outras palavras, a companhia italiana manteve 27 centavos de cada euro em vendas. Em 2022, essa proporção foi de 24%.
Nenhum outro fabricante de automóveis se aproxima desse resultado brilhante. Quem chegou mais perto foi a Porsche, com 18%. O lucro operacional da empresa baseada em Stuttgart, na Alemanha, foi 7,28 bilhões de euros e uma grande parte desse resultado é explicada pelos bons resultados de seu principal modelo, o 911 que registrou o maior crescimento de vendas em 2023. Em termos de lucros por unidades entregues, a Porsche fez 22.800 euros no ano passado, a segunda mais alta do ranking.
GUINADA POSITIVA
A britânica JLR registrou a melhor melhoria na margem operacional entre 2022 e 2023. A chegada das novas gerações Range Rover e Range Rover Sport, juntamente com os sólidos resultados do Defender, permitiu que esta montadora problemática saltasse de perdas em 2022 (margem operacional negativa de 1,9%) para lucros em 2023 (11%).
A Toyota, incluindo Lexus, Daihatsu e Hino viu a segunda maior margem operacional aumentar atrás da JLR: passou de 7,2% para 11,1%. A companhia japonesa é a maior do mundo por unidades vendidas e a mais global em termos de presença dos mercados. Também é interessante notar que a Toyota é um dos poucos fabricantes grandes a evitar dar grandes passos para o desenvolvimento de veículos totalmente elétricos. No ano passado, os BEVs representaram somente 0,9% de suas vendas globais.
TESLA EM BAIXA
A Tesla está na parte inferior da variação da margem operacional entre 2022 e 2023. Seu lucro operacional caiu 7,6 pontos, de 16,8% para 9,2%. A explicação é que a marca dedicou uma grande parte do ano para reduzir os preços para manter seu volume de vendas e suas fábricas nos Estados Unidos, Alemanha e China.
A redução de preços permitiu que a Tesla registrasse um novo recorde de vendas de mais de 1,8 milhão de carros entregues, às custas de menos lucros.
EXPANSÃO CHINESA
A BYD vendeu 62% mais carros no ano passado do que em 2022, resultado que a posicionou pela primeira vez no ranking das 10 marcas mais vendidas. Como consequência, as suas receitas aumentaram 34%, para 76,8 bilhões de euros.
No entanto, a empresa só conseguiu ganhar 4,8 bilhões de euros, ou 6,3% das receitas. Embora estes sejam resultados positivos, a margem está muito longe de alguns de seus pares ocidentais. Enquanto a BYD fez 1.600 euros por unidade vendida em 2023, um grupo como Stellantis ganhou 2 mil euros a mais por unidade (3.624 euros, em média). GWM é outro exemplo: sua margem caiu de 4,8% em 2022 para 1,6% no ano passado.
Nessa conta, a Ferrari ganhou 117.927 euros por unidade comercializada, 5,2 vezes maior que a Porsche, 14 vezes a JLR, 16 vezes o BMW Group, 105 vezes a Ford e 415 vezes a GWM.