Um guia para cobertura de feminicídios
Jornalismo Protocolo vai orientar as redações sobre pautas de violência contra mulher, para combater estereótipos e revitimização
A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) lançou ontem o Protocolo Antifeminicídio – Guia de Boas Práticas para a Cobertura Jornalística. O documento, voltado para jornalistas e profissionais da comunicação, apresenta orientações para a cobertura desse tipo de crime e visa evitar os estereótipos e o fenômeno da revitimização.
Inicialmente, o material estará disponível em formato e-book. O lançamento ocorreu na sede da ABI, no Centro Histórico, e contou com a presença de jornalistas, representantes de veículos de imprensa e de instituições públicas.
Segundo a associação, a intenção é combater a passividade e estimular a denúncia e as medidas de prevenção. A vice-presidente da entidade, Suely Temporal, explicou que o guia é uma prestação de serviço da ABI para a sociedade, uma vez que é através dos jornalistas que as pessoas se informam.
“Esse protocolo é uma produção coletiva de um grupo de pessoas. Homens e mulheres que se dedicaram à pesquisa sobre casos icônicos de feminicídio. Porque o feminicídio não é uma coisa de agora e sim algo que vem acontecendo na nossa sociedade há décadas”, disse.
Dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) apontam que entre 2017 e 2023 foram registrados 672 feminicídios na Bahia, sendo 92,6% dos crimes cometidos por companheiros ou ex-namorados das vítimas. Outro levantamento aponta que, este ano, até o mês de fevereiro, já haviam sido registrados 7.800 boletins de ocorrência no âmbito da Lei Maria da Penha em todo o estado. Os dados foram produzidos em cooperação com a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA).
O protocolo da ABI especifica o que é crime de feminicídio, apresenta orientações para uma investigação séria sobre esses casos e as consequências legais das distintas formas de violência contra a mulher. O documento também tem dados estatísticos, indicação de fontes e de redes de acolhimento.
O guia é uma produção editorial da ABI e foi proposto, escrito e defendido pelas mulheres da instituição, com o patrocínio da agência ATcom e apoio institucional do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). O projeto gráfico é assinado pela designer Daniela Alfaya.