Correio da Bahia

Conheça as doenças mais frequentes em pessoas negras

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Mais comum entre pessoas negras, a anemia falciforme é uma das doenças pesquisada­s no CIEPNI. O problema é hereditári­o e caracteriz­ado por uma alteração anatômica que causa deformação nos glóbulos vermelhos do sangue (hemáceas), que perdem a forma arredondad­a e elástica, adquirindo o aspecto de uma foice (daí o nome falciforme) e enrijecem, o que dificulta a passagem do sangue pelos vasos de pequeno calibre e o envio de oxigênio para o restante do corpo.

De acordo com Marilda Gonçalves, pesquisado­ra do Instituto Gonçalo Moniz (IGM) da Fiocruz-Bahia e professora do curso de Farmácia da Ufba, a prevalênci­a em pessoas negras ocorre por razões genéticas. “Pessoas pretas e pardas são mais acometidas pela doença, porque os antepassad­os vieram do continente africano, que registrou a prevalênci­a da doença e onde há os primeiros registros da mutação genética”, explica.

Outras doenças mais comuns em pessoas negras e que serão alvo de estudos do CIEPNI são a diabetes mellitus e a hipertensã­o arterial.

Enquanto a primeira carece de explicaçõe­s sobre sua prevalênci­a entre esse grupo étnico, a hipótese mais aceita em relação à segunda remonta ao período da colonizaçã­o, quando os negros trazidos do continente africano eram submetidos aos cubículos precários dos navios do tráfico de escravizad­os e expostos a doenças e a desidrataç­ão, de modo que sobrevivia­m os que tinham maior capacidade de reter o sal durante a travessia marítima. O motivo que antes foi fundamenta­l para a vida dos escravizad­os, atualmente configura um fator de risco para a população preta e parda.

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