Pesquisa Faculdade de Medicina inaugura centro de estudos dedicado a analisar doenças que afetam população não-branca da Bahia
Um espaço para pesquisa dedicado a estudar a saúde das populações negra e indígena da Bahia. Assim é o Centro Internacional de Estudo e Pesquisa da Saúde da População Negra e Indígena (CIEPNI), inaugurado ontem pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (FMB/Ufba). O evento inaugural aconteceu na sua sede da FMB, no Terreiro de Jesus.
A iniciativa é a primeira do estado e tem o objetivo de expandir os estudos e pesquisas em saúde voltados para essas duas populações, bem como para as comunidades tradicionais, incluindo os quilombolas. Na sessão inaugural, entidades representativas da medicina baiana, representantes universitários e políticos discutiram as possibilidades do novo centro.
Antônio Alberto Lopes, diretor da FMB, sempre esteve envolvido em pesquisas sobre a saúde das pessoas negras e disse que não poderia restringir o centro a somente um grupo étnico, de forma que a intenção é deixar um legado diverso.
“Não só é importante trazer os estudos, pesquisas e aglutinar pessoas em prol disso, mas criar uma nova geração de negros e indígenas para se tornarem protagonista da sociedade. Nós vamos ter mais pesquisadores negros e indígenas, e essa é a função do centro também”, enfatizou.
No primeiro momento, o CIEPNI vai integrar pesquisas sobre a saúde das populações negra e tradicional que já existem na Ufba, de modo a desenvolvê-las sob perspectivas multidisciplinares, com pesquisadores de todo o Brasil e de fora do país. A partir daí, o intuito é produzir resultados e dados que, futuramente, possam servir de base para a elaboração de políticas públicas.
Reitor da Ufba, o professor Paulo César Miguez esteve presente no evento e exaltou a proposta do projeto. “A Faculdade de Medicina, uma vez mais, se apresenta diante de desafios importantes do nosso estado e da nossa sociedade. Eu tenho absoluta certeza do sucesso que alcançará o trabalho que será desenvolvido por esse centro”.
Vanessa Pataxó, mestranda de Medicina da Ufba, acredita que o centro vai ocupar um lugar importante na produção conjunta de conhecimento sobre as populações que protagonizam esses estudos. “Nós produzimos ciência dentro das comunidades, mas ainda não têm espaço dentro da universidade para isso. É uma pauta muito importante aliada à construção coletiva, que tem a participação ativa dos nossos povos, dos nossos pensamentos, das nossas formas de ver e fazer”.
Além dos grupos de pesquisa, serão feitos seminários, palestras e congressos a partir dos estudos do CIEPNI, com o objetivo de democratizar o conhecimento científico.
Centro prevê premiação das melhores dissertações tendo como temática a saúde das populações negra e indígena