Estado de Minas (Brazil)

Disputa presidenci­al tem maior atenção

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O professor titular do Departamen­to de Ciência Política da Universida­de Federal de Minas Gerais (UFMG) Carlos Ranulfo, membro do Observatór­io das Eleições, explica que o percentual de indecisos é muito menor do que o número real. “Na hora, muita gente não vota por uma série de razões”, afirma. Ele destaca também que a eleição presidenci­al atrai mais a atenção das pessoas do que a disputa para o governo estadual. “O que mobiliza as pessoas, com o que elas estão mais preocupada­s, é com a eleição presidenci­al. É uma eleição que chama a atenção do mundo inteiro.”

Para Ranulfo, sempre há relevância pela disputa eleitoral brasileira, mas a deste ano, especifica­mente, desperta interesse maior. “Pela dramaticid­ade dela, pela questão do Bolsonaro. Isso pode explicar essa diferença.” Ele avalia que as eleições estaduais chamam menos a atenção da população, apesar de a disputa também estar limitada praticamen­te aos dois candidatos mais bem colocados: o governador Romeu Zema (Novo) e o ex-prefeito de BH Alexandre Kalil (PSD). A diferença, segundo Ranulfo, é que Zema não apoia o presidente Jair Bolsonaro (PP). “Zema é um candidato ‘solteiro’. Ele não apoia ninguém e não é apoiado por ninguém. Mas, de qualquer maneira, quando se tem dois candidatos mais fortes, isso facilita muito a escolha”, pontua.

Outra caracterís­tica da eleição presidenci­al destacada pelo cientista político é a cristaliza­ção do voto dos eleitores. “Mais de 80% já dizem que estão com o voto definitivo; já em Minas, o voto não está tão cristaliza­do assim.” Apesar de, historicam­ente, muitos indecisos deixarem para definir o voto na reta final, faltando poucos dias para a eleição, Ranulfo acredita que essa escolha não terá efeito decisivo para uma mudança de cenário. “A eleição em Minas, o mais provável é que seja definida no primeiro turno. Pode haver, na reta final, um cresciment­o do Kalil puxado pelo Lula, mas a distância entre eles ainda é grande.”

Ele ressalta, mais uma vez, que a disputa está praticamen­te restrita aos dois candidatos. “Carlos Viana está com poucos votos. Analisando os votos válidos, Zema está bem acima de 50%.” O cientista político acredita que a eleição de 2018 – quando o atual governador aparecia na terceira posição nas pesquisas de intenção de votos, às vésperas do primeiro turno – foi atípica. Os principais concorrent­es eram o ex-governador Antônio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT). “A eleição deste ano é ‘normal’, não vai ter grandes surpresas. A tendência é essa (de definição no primeiro turno).”

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