Campanha do ex-prefeito ganha fôlego
O crescimento de cinco pontos do candidato do PSD, Alexandre Kalil, ao governo de Minas, na mais recente pesquisa Ipec sobre a disputa pelo governo de Minas Gerais e o desempenho dele no debate da TV Globo fizeram crescer a confiança de sua campanha em um segundo turno. Integrantes do entorno de Kalil, ouvidos sob reservas pelo Estado de Minas, acreditam ser possível viabilizar um confronto direto com Romeu Zema (Novo).
A ideia é que o segundo turno ocorra a reboque do aumento das intenções de voto no estado do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que apoia o candidato do PSD. Segundo o Ipec, Lula venceria o confronto contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno em Minas. O debate de terça-feira foi o primeiro com a participação de Zema, que faltou aos encontrosorganizados,respectivamente, por TV Alterosa/EM/Portal Uai e pela Rede Bandeirantes
Um integrante do alto escalão da campanha de Kalil apontou "fragilidade" na postura demonstrada por Zema durante o enfrentamento. “Todos os candidatos ganharam e Zema perdeu”, disse o interlocutor. Durante o debate, Zema reforçou a estratégia adotada por sua campanha desde o início do período eleitoral. Sob a expressão “PT-Pimentel”, ele centrou esforços em atribuir os problemas financeiros do estado à gestão de Fernando Pimentel (PT).
Segundo o levantamento divulgado pelo Ipec, Zema aparece com 45% das intenções de votos – o governador oscilou para baixo, dentro da margem de erro de dois pontos, pois tinha 46% no dia 20. Kalil subiu cinco pontos e chegou a 34%.
Ontem, durante caminhada em Divinópolis, no Centro-Oeste, o pessedista afirmou que o governador foi ao estúdio da
Globo por causa dos números da pesquisa. "A pesquisa de ontem foi mortal e ele (Zema) viu", declarou. Os 45% de Zema representam 51,7% dos votos válidos. Portanto, para forçar um segundo turno, o governador precisa desidratar em 1,7 ponto. Nos círculos da coligação liderada pelo PSD de Minas, a reação de Kalil é interpretada como movimento associado ao crescimento de Lula no estado.
“ONDA VERMELHA”
Integrantes da campanha do ex-prefeito têm utilizado a expressão "onda vermelha" – a mesma que o próprio Kalil usou na sexta-feira passada, durante comício com o presidenciável petista em Ipatinga, no Vale do Aço. "Independentemente do que acontecer, apesar de a onda vermelha estar vindo e inundar esse estado – e eles estão com medo –, obrigado, presidente Lula, por tudo o que o senhor tem me ensinado e feito por mim", afirmou o pessedista.
O diretor de um instituto de pesquisas que costuma promover levantamentos sobre a corrida eleitoral em Minas apontou que, para consolidar a reação, Kalil precisa recuperar votos de eleitores de orientação à esquerda. Segundo ele, dados mostram que um terço dos votantes de Minas que escolheram Ciro Gomes (PDT) ou Fernando Haddad (PT) na eleição presidencial de 2018 estão caminhando com Zema.
O executivo de outro instituto, por sua vez, afirmou que as chances de segundo turno aumentaram. O voto "Luzema" é encarado com naturalidade, inclusive, pelo governador mineiro."O eleitor é pragmático. Ele vota onde percebe que há melhores perspectivas e tivemos no passado uma coincidência durante o governo do presidente Lula de uma série de fatores no mundo, como a alta das commodities, que fez com que o Brasil vivesse um momento bom. Não podemos falar que a gestão dele foi boa. Houve um momento bom, mas causado por conjunturas externas", opinou Zema, na semana passada, à Folha de S.Paulo.