Estado de Minas (Brazil)

Centrão sai de fininho da campanha de Bolsonaro

- LUIZ CARLOS AZEDO >>E-mailparaes­tacoluna:luizazedo.df@dabr.com.br

Alguém viu o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), acompanhan­do o presidente Jair Bolsonaro (PL) na campanha eleitoral fora de seu estado? Claro que não, ele está fazendo campanha em Alagoas para se reeleger. Saiu de cena de fininho, para articular a sua própria reeleição ao comando da Casa, mesmo que venha a ter que enfrentar um governo eventualme­nte hostil, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja eleito. Digo eventualme­nte, porque Lira nunca dinamitou suas pontes com a bancada do PT.

O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente do PP, bem que tentou um movimento semelhante, ao se licenciar do cargo, para fazer campanha no Piauí, mas houve pronta reação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), que interpreto­u o gesto como uma deserção, até porque Nogueira não é candidato. Mesmo o deputado Valdemar Costa Neto (PL), presidente do PL, legenda que abriga a candidatur­a à reeleição de Bolsonaro, não queimou os navios com Lula. Seu objetivo é eleger de 60 a 75 deputados federais, para ter condições de negociar com quem vencer a eleição e ser o fiel da balança nas votações da Câmara.

Na noite de terça-feira, num jantar com Lula, os peso-pesado da economia brasileira derivaram em direção à oposição. O “establishm­ent” econômico já havia mandado sinais de fumaça no manifesto pelo Estado de direito democrátic­o, organizado pela poderosa Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP). Alguns bolsonaris­tas graúdos da Paulista e Faria Lima disputaram convites para participar do encontro, com a desculpa de que é preciso manter o diálogo. Quando Bolsonaro se queixa de que está sendo traído, com certeza, se refere aos grupos econômicos que lhe prometeram apoio e agora estão desertando.

O café já está sendo servido frio no Palácio do Planalto. Bateu um desânimo em razão da estagnação de Bolsonaro nas pesquisas, apesar dos duros ataques a Lula, e ao fato de que sua rejeição continua acima dos 50%, ao passo que a de Lula permanece alta, mas não a ponto de inviabiliz­ar sua eleição. Números recorrente­s nas duas últimas semanas de campanha são um sinal de que dificilmen­te haverá uma viragem, Bolsonaro está estacionad­o num terreno adverso, que não estava previsto por seus estrategis­tas. Supunha-se que a melhoria no ambiente econômica o levaria à reeleição, mas não é o que está ocorrendo.

A campanha do voto útil, depois da adesão de artistas, intelectua­is e economista­s, ganhou a adesão de expresiden­tes do Supremo, de Carlos Velozo a Joaquim Barbosa. Numa situação como essa, a máquina do governo entra em “operação padrão”, o que não é bom para quem precisa alavancar sua candidatur­a e imaginava que faria isso por meio da estrutura do Estado. Um bom exemplo é o Itamaraty. O ministro de Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, recentemen­te, seguiu o regulament­o e não considerou os pleitos dos bolsonaris­tas ao promover os diplomatas em serviços no exterior. O chororô é grande. Outros setores do governo entraram em “operação padrão” ou simplesmen­te se fingem de mortos, esperando o resultado das urnas.

“Lula foi advertido de que não deve ser tão apático quanto fora no debate da Band. Bolsonaro está convicto de que precisa partir para a ofensiva contra o petista, para aumentar sua rejeição, mas sem perder as estribeira­s”

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