Debate na TV
Na verdade, Bolsonaro está perdendo a eleição em razão de diferenças abissais a favor de Lula no Nordeste, entre os eleitores que percebem menos de 2 salários-mínimos e junto às mulheres. O corte geográfico e de renda possibilita ajustes na campanha de Bolsonaro em busca dos eleitores indecisos, mirando algumas regiões e alguns segmentos populares. Entretanto, o corte de gênero é terrível para Bolsonaro, que está perdendo onde pais e filhos são bolsonaristas, mas as esposas e filhas preferem outros candidatos, principalmente Lula. Quanto mais agressivo for o marido bolsonarista, mais convicta fica sua companheira de que não deve votar em Bolsonaro. É uma faixa de eleitores na qual a campanha desagrega a família, mas o voto não muda. É secreto.
Lula e Bolsonaro se digladiarão hoje à noite, no debate de presidenciáveis da TV Globo, considerado por ambas as campanhas como um evento que pode garantir a vitória de Lula no primeiro turno ou levar a disputa para o segundo. Os dois se prepararam muito para esse enfrentamento, Lula advertido de que não deve ser tão apático quanto fora no debate da Band, Bolsonaro convicto de que precisa partir para a ofensiva contra o petista, com objetivo de aumentar sua rejeição, mas sem perder as estribeiras.
O problema de ambos é que não vai dar pra combinar com Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Felipe D’Ávila (Novo) para que sejam meros coadjuvantes; ou seja, que não roubem a cena, como aconteceu nos debates anteriores. Desses quatro, o fio mais desencapado é Ciro, alvo principal da campanha de voto útil do PT. Entretanto, a essa altura do campeonato, não resta dúvida de que quem mexer com Soraya e/ou Simone pode gerar um curto-circuito no debate. D’Ávila não é um político profissional, acostumado aos embates eleitorais, é um empresário que se lançou à Presidência idealizando a política. Sua tendência no debate é se comportar como um lorde inglês e defender suas teses. É um político sem carisma.