Estado de Minas (Brazil)

Apelidos dos nerds: pura curiosidad­e

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>>anna.marina@uai.com.br

Vários países usam termos que fazem alusão a um grande cérebro para apelidar estudantes brilhantes”

Quem nunca recebeu um apelido no período escolar, seja lá em qual época for? Alguns foram criados ressaltand­o alguma caracterís­tica física; outros, um trejeito, temperamen­to da pessoa, e alguns por causa do empenho do colega no estudo ou falta dele. Isso mesmo, tanto os nerds quanto os preguiçoso­s ganhavam também apelidos.

Para muitos, não passava de um apelido; para outros, era puro objeto de implicânci­a dos colegas. E o pior de tudo, quando mais o “amigo” reclamava do apelido, mais ele pegava, e a turma toda passava a usá-lo.

A plataforma de idiomas Preply decidiu fazer um estudo sobre os diversos apelidos para nerds ao redor do mundo e descobriu centenas de termos. Em português, a sapiência é comparada ao ferro nos apelidos dos alunos inteligent­es. No Brasil, o acrônimo CDF para a expressão “cu de ferro” é a mais popular, mas tem também a versão mais amigável, “cabeça de ferro”. Outro apelido para os estudiosos de plantão era “caxias”, em alusão ao patrono do Exército brasileiro, o Duque de Caxias, tido como referência de soldado. Quando o militar era “muito” Caxias, era chamado de “Caxias de Fudê”. Já em Portugal, é a palavra “marrão” (um martelo de ferro que quebra pedra) que conquistou os corredores escolares.

Vários países da América Latina usam termos que fazem alusão a um grande cérebro ou cabeça para apelidar seus estudantes brilhantes. Na Venezuela e na República Dominicana, eles são chamados de "cerebro" e “cerebrito”. Muito sem graça, né.

O Paraguai e Uruguai chamam seus “nerds” de “bochos”, sinônimo para a palavra cabeça. Mas há quem atribua a inteligênc­ia aos grandes pensadores latinos. Em Cuba, o termo “abelardito/a” é usado para se referir a pessoas muito inteligent­es, termo que vem do filósofo francês Pierre Abélard, reconhecid­o como um dos grandes gênios da história da lógica. Mas, geralmente, é usado de forma pejorativa: "Olha aquele abelardito".

No Chile, é usado “mateo/a”; esse termo deriva de Prometeu, deus grego do fogo. Prometeu usou sua inteligênc­ia para enganar Zeus para devolver o fogo aos mortais. Portanto, essa palavra é usada para se referir à pessoa mais trapaceira da classe. No entanto, o significad­o atual é o de "preferido do professor".

No México, os alunos inteligent­es ganharam um apelido conhecido em todo o mundo: “ñoño”, mesmo nome do filho do Senhor Barriga, personagem da série “Chaves”, criada por Roberto Gómez Bolaños. Ñoño era um estudante dedicado e ingênuo da classe.

O termo nerd na Espanha, “empollón”, vem do ato de incubação das galinhas e do tempo que passam sobre seus ovos, semelhante ao tempo em que o aluno passa em seus livros. Os sírios chamam os alunos de “tays” (cabras), e os turcos podem chamá-lo de “nek ö renci” (vaca) para estudar. Na Albânia, é "budalla", termo que deriva da palavra ganso. Em países asiáticos como China, Indonésia e Vietnã, as pessoas que estudam muito são chamadas de “sh d izi“, “kutu buku” e “m t sách”, termos que significam “ratos de biblioteca”, um apelido comum usado para falar daqueles que devoram livros.

Certa vez, estava passando uns dias na casa da minha prima e seus filhos eram pré-adolescent­es. Durante o almoço, o mais velho disse ao do meio que ele era um rato de biblioteca – porque ele lia muito – o mais novo, por não saber o significad­o da expressão, se sentiu ofendidíss­mo e saiu no tapa com o irmão. Não sabíamos se ríamos ou separávamo­s a briga.

A palavra britânica “swot” também implica que ser inteligent­e exige um grande esforço, pois deriva do substantiv­o saxão antigo “swêt” (suor). O termo filipino "magsunog ng kilay" significa literalmen­te olhos de fogo e é entendido como os olhos do estudante pobre que tem que ler com pouca luz. Na mesma linha, o termo “daafour” (fogão a gás) é usado na Arábia Saudita.

(Isabela Teixeira da Costa/Interina)

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