Estado de Minas (Brazil)

Muita fila, dificuldad­e na biometria e flagrantes

Longas esperas marcaram a votação em boa parte das seções eleitorais brasileira­s. Clima geral foi de tranquilid­ade, apesar de brigas pontuais e crimes que levaram a 408 prisões

- SÍLVIA PIRES

O dia de votações para eleger o próximo presidente, governador­es, deputados e senadores movimentou o Brasil e 100 cidades no exterior. Desde as primeiras horas de votação, filas e muita espera marcaram as eleições. Alguns demoraram até três horas para conseguir registrar o voto. Além da demora, o país foi palco de brigas pontuais e flagrantes de crimes eleitorais. No exterior, mais brasileiro­s foram às urnas do que em eleições passadas. A demora na votação foi atribuída ao travamento nos aparelhos eleitorais pela coleta de dados da biometria, que não é obrigatóri­a em todas as cidades brasileira­s. Além de gerar atrasos na apuração das urnas, os problemas chegaram a levar alguns eleitores a desistir de votar.

No município de Igarapé, na Região Metropolit­ana de Belo Horizonte, que conta com mais de 31 mil eleitores, muitos desistiram de votar por causa das filas. A maioria das falhas estava relacionad­a a problemas no reconhecim­ento de biometria. As filas chegaram a durar mais de três horas e alguns eleitores passaram mal. Segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, 532 das 49.981 urnas enviadas para Minas Gerais apresentar­am problema (percentual de 1,06%). O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por sua vez, considerou que as filas estão dentro do normal e lembrou que elas são registrada­s em toda eleição geral.

Na percepção dos eleitores, porém, o cenário foi atípico. Em Belo Horizonte e região metropolit­ana, onde estão 29% das seções eleitorais de Minas Gerais, o Estado de Minas acompanhou o andamento das eleições. No Colégio Arnaldo, no Bairro Funcionári­os, Região Centro- Sul de BH, as filas ocuparam as calçadas do entorno e os eleitores reclamaram da grande demora. Alguns eleitores disseram ter sido a primeira vez que enfrentara­m tanta demora para votar. No Colégio Estadual Central, também na Região Centro-Sul de BH, as filas e a espera eram maiores. O arquiteto Frederico Guerra, de 33 anos, disse que sua seção eleitoral estava mais cheia do que de costume. "Mas sem nenhuma confusão. Tirando a fila, está tudo tranquilo." O eleitor acredita que a demora não afasta as pessoas.

Muitos idosos marcaram presença. “A vida toda eu vim votar, e agora não seria diferente”, disse a aposentada Nélia Moreira da Costa, de 88, que compareceu à Escola Estadual Helena Pena, no Bairro Sagrada Família, na Região Leste de Belo Horizonte, para votar. Nélia faz parte dos mais de 253 mil eleitores maiores de 70 anos em Minas que não são obrigados a votar. O TSE atribui a demora na votação ao cresciment­o da participaç­ão dos eleitores. A formação de filas, segundo o órgão, também é influencia­da pelo tempo que cada pessoa demora para votar, já que foram cinco cargos em disputa.

INCIDENTES O país também foi palco de registros de brigas, racismo e violência ontem. Em Dutra, em São Paulo, dois policiais foram baleados em frente da Escola Estadual Deputado Aurélio Campos. Os suspeitos foram detidos. As vítimas foram internadas em estado grave. Um eleitor de 63 anos foi preso, no Rio Grande do Sul, após atacar um policial militar com uma faca em um local de votação. Já em Goiânia (GO), um homem quebrou uma urna eletrônica aos gritos. Em Salvador, eleitores comemorara­m a prisão de homem por racismo. Ele teria ofendido a mesária, chamando-a de “negra incompeten­te”.

Em Minas Gerais, o clima foi de tranquilid­ade. Alguns eleitores comparecer­am à votação com roupas vermelhas e adesivos em apoio ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e outros com camisa verde e amarelo, em referência a Jair Bolsonaro (PL). Não houve, no entanto, registros de tumultos entre os dois lados. Apesar disso, o estado registrou o maior número de flagrantes de crimes eleitorais. Balanço da Operação Eleições 2022, divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, contabiliz­a 1.421 crimes eleitorais e 408 prisões em todo o país. Foram 379 registros de crimes de boca de urna e 191 de compra de votos/corrupção eleitoral. Há, ainda, 73 casos de violação ou tentativa de violação do sigilo do voto.

Em Piranga, na Zona da Mata mineira, o prefeito José Luis Oliveira (PMN) recebeu voz de prisão da promotora do município por fazer propaganda proibida nas redes sociais. O estado registrou 233 ocorrência­s policiais relacionad­as às eleições. Dessas, 132 resultaram em prisões. Só em Belo Horizonte, foram 14 detidos. Cerca de 40% dos casos estão relacionad­os a boca de urna e 20% a propagando eleitoral proibida.

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TÚLIO SANTOS/EM/D.A PRESS Eleitores lotam corredores da Escola Estadual Governador Milton Campos, em cena que se repetiu país afora: lentidão foi creditada à biometria
 ?? GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS ?? Forte presença de idosos também marcou votação no primeiro turno: em Minas, o voto é facultativ­o para 253 mil eleitores com mais de 70
GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS Forte presença de idosos também marcou votação no primeiro turno: em Minas, o voto é facultativ­o para 253 mil eleitores com mais de 70
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