Estado de Minas (Brazil)

Cenário de surpresas e direita consolidad­a

Disputa nacional mostrou desempenho de bolsonaris­tas acima do projetado em pesquisas. Dos 20 governador­es que buscavam novo mandato, mais da metade se manteve no poder

- FELIPE BÄCHTOLD

Folhapress - A polarizada disputa nacional entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) impulsiono­u de última hora candidatos dos presidenci­áveis nas eleições para governador pelo país, e os dois partidos irão se enfrentar no segundo turno também em um dos estados. O fenômeno foi simbólico, por exemplo, em dois dos principais colégios eleitorais do país, onde bolsonaris­tas tiveram desempenho bem acima do projetado nas pesquisas. Os resultados consolidar­am a direita em várias instâncias do poder e apresentar­am algumas surpresas.

O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), se reelegeu em primeiro turno com 58% dos votos válidos, batendo Marcelo Freixo (PSB), apoiado por Lula. Em São Paulo, o bolsonaris­ta Tarcísio de Freitas, do Republican­os, chegou na frente e irá disputar a segunda rodada contra o petista Fernando Haddad.

Situação parecida ocorreu no Rio Grande do Sul, onde Onyx Lorenzoni (PL), ex-ministro de Bolsonaro e seu aliado de primeira hora em 2018, vai disputar o segundo turno após superar Eduardo Leite (PSDB), aliado no plano nacional da emedebista Simone Tebet e que era líder nas sondagens ao longo da campanha.

Uma das maiores surpresas das eleições estaduais ocorreu em Mato Grosso do Sul, com a votação do candidato Capitão Contar, do nanico PRTB. Sem alianças, ele foi empurrado nas vésperas do primeiro turno por declaração de apoio de Bolsonaro em pleno debate nacional da TV Globo, na quinta-feira. O presidente endossou a candidatur­a na ocasião apesar de seu partido, o PL, estar formalment­e coligado com o tucano Eduardo Riedel. Contar foi o mais votado e disputará a segunda rodada contra o representa­nte do PSDB.

O efeito da corrida presidenci­al sobre os estados não ocorreu apenas sobre os aliados de Bolsonaro, mas também sobre a performanc­e do PT pelo país.

Um caso exemplar foi o de Santa Catarina, que tinha cenário bastante embolado na definição das vagas no segundo turno. Embora o estado tenha se consolidad­o como reduto antipetist­a na década passada, o PT arrancou com Décio Lima eliminando o atual governador, Carlos Moisés (Republican­os), que acabou em terceiro. No estado, Lula teve quase 30% dos votos válidos. O mais votado foi Jorginho Mello, do PL, aliado do presidente, com 39%.

Na Bahia, o candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, que já mostrava sinal de alta nas pesquisas das últimas semanas, superou o favorito ACM Neto, da União Brasil, com quem disputará o segundo turno. O PT defende uma hegemonia local que vem desde 2006.

Outra vitória não muito prevista de petistas ocorreu no Ceará, onde Elmano de Freitas superou outros dois grupos políticos de força: o bolsonaris­mo de Capitão Wagner, da União Brasil, e os irmãos Ciro e Cid Gomes, que haviam lançado o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, do PDT. O PT ainda manteve seu domínio em outros dois estados nordestino­s, Piauí e Rio Grande do Norte.

No DF, um aliado do PT por pouco não complica eleição que parecia garantida a um aliado de Bolsonaro. O candidato à reeleição Ibaneis Rocha, do MDB, liquidou a disputa em primeiro turno por vantagem mínima sobre um candidato do PV, partido que formou federação com petistas. O candidato verde, Leandro Grass, fez 26,5%.

REELEICÃO A maioria dos governador­es que tentou reeleição renovou o mandato já no primeiro turno. Concorriam novamente 20 governador­es: 11 tiveram a vitória confirmada.

Um dos incumbente­s derrotados é o tucano Rodrigo Garcia, que assumiu o governo de São Paulo após renúncia do titular, João Doria, em abril deste ano. Ele ficou em terceiro lugar, encerrando uma hegemonia de 28 anos do PSDB paulista. Outra derrota foi de Carlos Moisés, do Republican­os, em Santa Catarina.

Em 2018, auge da onda antipolíti­ca na esteira da Operação Lava Jato e da ascensão do bolsonaris­mo, também 20 governador­es concorrera­m, mas só 10 se elegeram. Um dos vitoriosos por maior margem ontem foi Helder Barbalho, no Pará, que formou a maior aliança do país em sua tentativa de reeleição e fez quase 70% dos votos válidos.

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JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL Apontado como franco favorito, Ibaneis Rocha liquidou a disputa em primeiro turno por vantagem mínima

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