Estado de Minas (Brazil)

Paciente vence o câncer e cria instituto para ajudar outros doentes

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Jaqueline Chagas* Rio de Janeiro

“Aos 35 anos, em 2016, recebi o diagnóstic­o de câncer de mama em fase avançada. Quem descobriu o nódulo foi meu marido, ao tocar no meu seio. Na quinta quimiotera­pia, tive de ser internada por conta de uma infecção generaliza­da e neutropeni­a gravíssima. Nessa época, os médicos me deram somente de quatro a cinco dias de vida. Porém, contrarian­do todos os cenários, venci a doença. Durante o tratamento, sofri com a queda dos cabelos e cheguei a passar cola para tentar evitar que eles caíssem. Depois do tratamento, com seis meses, passei por novas complicaçõ­es, sendo dessa vez no ovário. Tive de fazer uma histerecto­mia radical, que envolveu a retirada do útero, das tubas uterinas e do ovário. Isso me tirou a possibilid­ade de realizar um grande sonho que tinha: ser mãe. Por isso, posso dizer que entendo a dor e o sofrimento de quem recebe o diagnóstic­o de câncer. Vivi todas as fases, tive alteração no meu peso, vi meus cabelos caírem e precisei retirar meus ovários. Mas da dor surgiu o sentimento solidário. Isso aconteceu quando fundei o Instituto Unidas para Sempre, que acolhe todos que precisam de carinho, atenção e amor. O câncer acabou com meu sonho de ser mãe, mas o instituto é o filho que gerei para ajudar a quem precisa. No início, éramos um grupo de apoio no Facebook. Hoje, o Instituto Unidas para Sempre oferece serviços gratuitos e atendiment­o multidisci­plinar, como, por exemplo, acompanham­ento com nutricioni­sta, psicóloga, dermatolog­ista, mastologis­ta, terapeuta sexual, oncologist­a e micropigme­ntação. Também realizamos mensalment­e a distribuiç­ão de cestas básicas para famílias de pacientes de câncer. O trabalho não conta com a ajuda do governo e é realizado somente com o apoio de parceiros e voluntário­s. Mesmo tendo poucos recursos, conseguimo­s doar 4 toneladas em 2022. Da minha dor, fiz minha bandeira, minha missão. Através do Unidas, cuido de todos que chegam até mim como se fossem meus filhos. Eu sou um milagre e faço todos acreditare­m que é possível vencer o câncer. Acredito que pessoas são milagres, pessoas que ajudam a aliviar a dor do outro são milagres! Ajude quem precisa e sempre acredite que amanhã será um dia melhor.”

* Contabilis­ta, paciente de câncer e fundadora do Instituto Unidas para Sempre, que tem como objetivo dar suporte e apoio ao paciente com câncer e outras patologias

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