UM PAÍS DIVIDIDO
Com uma votação que colocou em xeque números dos institutos de pesquisa e deixou mais evidente que nunca a divisão ideológica do país, além de fortalecer politicamente o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), os brasileiros decidiram adiar para o 2º turno, em 30 de outubro, a definição do próximo mandato presidencial. Com praticamente todas as urnas apuradas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vitorioso no primeiro turno, com mais de 48% dos votos válidos. Mas, apesar da segunda colocação, o desempenho do atual presidente da República surpreendeu: Bolsonaro, que chegou a liderar boa parte da apuração, superou 43% da preferência do eleitorado. Mais que isso, impulsionou a eleição de aliados, como o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), eleito senador pelo Rio Grande do Sul, ou a ex-ministra Damares Alves (Republicanos), futura senadora pelo Distrito Federal, assim como outros 14 nomes que chegam ao Senado sob indicação bolsonarista, contra sete com apoio de Lula.
A divisão do eleitorado fica clara quando se observa no mapa o desempenho dos dois candidatos (veja ao lado). Lula liderou em 14 estados e duas regiões (Norte e Nordeste); Bolsonaro venceu em 13 unidades da Federação e no Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Minas, que deu vantagem apertada ao petista, surge como um dos destinos-chave para o segundo turno, entrando no roteiro obrigatório da busca de votos. Campanha que agora precisa trabalhar, dos dois lados, também pelo apoio dos derrotados na primeira fase da votação. Os mais visados, Simone Tebet (MDB), que terminou com mais de 4% dos votos, e Ciro Gomes (PDT), com mais de 3%, se manifestaram ontem sobre o tema. O pedetista, que se disse “preocupado” com o quadro político do país, pediu tempo para discutir com correligionários e apoiadores. Mais incisiva, Tebet deu 48 horas para que seu arco de alianças se manifeste. “Não esperem de mim omissão. Eu tenho lado e vou me pronunciar no momento certo”, avisou.