Estado de Minas (Brazil)

Fiemg processa Kalil

- PASSARINI

GUILHERME PEIXOTO MATHEUS MURATORI

O governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), planeja anunciar, entre hoje e amanhã, o apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da eleição nacional. Ontem, Zema afirmou que as conversas estão “adiantadas”, mas condiciono­u a aliança à entrada do PL na base formalment­e aliada ao governo estadual na Assembleia Legislativ­a. Segundo apurou o Estado de Minas ,oingresso dos deputados liberais na coalizão governista não é visto como empecilho para a união. A cúpula do PL planeja, inclusive, reunir seus parlamenta­res federais e estaduais amanhã para debater o embarque no grupo pró-Zema e, assim, viabilizar o palanque de Bolsonaro em terras mineiras.

“Estamos com as conversas bem adiantadas. Vale lembrar que não sou do partido do presidente. Ele teve, aqui, um candidato a governador (Carlos Viana); eu tive um candidato a presidente (Felipe d'Avila). As conversas que tivemos hoje estão caminhando muito bem. É provável que amanhã (hoje) ou depois a gente já anuncie o apoio ao presidente”, disse o governador, ontem, à GloboNews.

Um dos pontos que pesam a favor da união do PL ao grupo de Zema é o fato de sete dos nove deputados estaduais eleitos pela legenda do presidente terem apoiado a reeleição do governador em detrimento da candidatur­a do correligio­nário Carlos Viana. Antes mesmo do período eleitoral, parte do PL criticou a tentativa de Viana de emplacar sua candidatur­a – o palanque, contudo, foi montado porque Bolsonaro não conseguiu acordo com o Novo em Minas já no primeiro turno.

Segunda maior bancada da nova Assembleia Legislativ­a – atrás do PT, com 12, mas empatado com o PSD –, o PL fez o recordista de votos do Parlamento estadual, o reeleito Bruno Engler, escolhido por mais de 637.412 eleitores. Para vencer em primeiro turno a eleição mineira, o político do Novo derrotou Alexandre Kalil (PSD), apoiado por Lula, e outros oito concorrent­es. “Queremos deixar claro, nossas propostas são essas. O PL está de acordo, vai caminhar conosco? Vejo que tem tudo para dar certo e, em breve, estará sendo comunicado”, pontuou, à TV Globo, também ontem.

A ideia do PL de reunir os vencedores da eleição em Minas para discutir sobre o eventual apoio a Zema passa pelo desejo de definir os rumos locais da legenda em conjunto. “Entendo que as decisões partidária­s têm que ter a participaç­ão, também, dos parlamenta­res federais e estaduais”, disse, ao EM, o ex-deputado José Santana, presidente do diretório estadual dos liberais.

Atualmente, os representa­ntes do PL no Parlamento mineiro compõem o bloco de deputados de orientação independen­te em relação ao governo. Na prática, contudo, a maioria dos parlamenta­res liberais vota a favor de Zema na grande maioria dos projetos em debate.

Zema venceu a disputa estadual com 56,18% dos votos válidos, contra 35,08% de Alexandre Kalil (PSD). No plano nacional, Bolsonaro conseguiu 43,20%, ante 48,43% de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Antes da ida da população às urnas, pesquisas apontavam tendência de voto "casado" do eleitor mineiro em Zema e Lula.

Ontem, o governador admitiu o movimento, mas afirmou ter recebido apoio de simpatizan­tes do atual presidente. "Tivemos muito esse tipo de voto (Luzema). Mas posso dizer que tivemos muito, também, o voto Bolsozema", garantiu.

No primeiro dia após a vitória, Zema não cessou o fogo aberto contra o antecessor Fernando Pimentel (PT), derrotado na corrida à Câmara dos Deputados. “Apoiar o PT, de forma alguma. O PT destruiu Minas e diversas cidades relevantes, como Uberlândia e Pouso Alegre, que tiveram gestões desastrosa­s”, criticou, descartand­o qualquer aceno a Lula.

ACENOS CONTÍNUOS Mesmo após lançar Carlos Viana na corrida rumo ao Palácio Tiradentes, Bolsonaro evitou críticas a Zema.

■ Romeu Zema (Novo), governador de Minas reeleito

No mês passado, ao Correio Braziliens­e, o presidente já vislumbrav­a ter o apoio do governador mineiro no segundo turno. Quando deu aval à chapa própria do PL no estado, Bolsonaro planejava que Viana tivesse ao menos dois dígitos dos votos válidos na apuração. Assim, Zema seria obrigado a disputar um segundo turno e poderia precisar do apoio do atual chefe do governo federal.

Anteontem, em Brasília (DF), após a confirmaçã­o do segundo turno nacional, o presidente assegurou o início dos contatos por um acordo com Zema. “Vamos fazer contato, já fizemos hoje (domingo). Conversamo­s com o interlocut­or do Zema. As portas estão abertas para conversar”, falou.

Paralelame­nte aos trabalhos para garantir a adesão de Zema, o PL mineiro atua para fortalecer a campanha de Bolsonaro no estado. O partido, inclusive, está em tratativas para alugar um imóvel e instalar, na capital mineira, um comitê em apoio à campanha do presidente pela reeleição. Os correligio­nários de Minas ganharam importânci­a estratégic­a para Bolsonaro neste segundo turno, porque um deles, Nikolas Ferreira, foi o deputado federal mais votado entre os 593 vencedores. O vereador de Belo Horizonte conseguiu o apoio de 1.492.047 cidadãos.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, revelou ontem, durante entrevista coletiva à imprensa, que a entidade entrou com uma ação penal por difamação contra o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD). “A ação visa à reparação do candidato com relação às falas dele contra a Fiemg e até mesmo dano moral. A ação é penal e o Kalil tem um período para se manifestar e retirar as acusações. Caso ele não retire, vai ter que provar o que disse e, não provando, ele vai responder criminalme­nte”, explicou.

Roscoe ressaltou que a entidade esperou o fim das eleições para o governo de Minas Gerais antes de se manifestar contra Kalil, já que ele concorreu contra o governador reeleito Romeu Zema (Novo). Entretanto, o pedido na Justiça foi feito durante a disputa do primeiro turno. “Nosso papel é tão democrátic­o que nem durante o período eleitoral nós respondemo­s para não parecer que era um posicionam­ento de A ou de B”, ponderou.

Quando questionad­o pela reportagem do Estado de Minas sobre o processo impetrado pela entidade, Kalil disse que ainda não recebeu a notificaçã­o da Justiça e afirmou que: “Da Fiemg, o que chegar vai para o lixo”. Durante o debate na TV Globo, na semana passada, o ex-prefeito da capital mineira criticou a postura de Zema e citou a Fiemg. Esta foi apenas uma das menções feitas por Kalil sobre a entidade.

“Primeiro, quero dizer que pedi o direito de resposta porque fui citado e acrescenta­r que tapa na mesa aqui não, não é a Fiemg. Não está rodeado nem de puxa-saco nem de bilionário. São quatro candidatos que merecem respeito. Aqui não tem lugar para tapa na mesa”, disse.

A notificaçã­o foi assinada pelo juiz Jair Francisco dos Santos, da 1ª Unidade Jurisdicio­nal Criminal – 40º JD da Comarca de Belo Horizonte, na terça-feira passada. Já a ação foi distribuíd­a seis dias antes, em 21 de setembro. “Intime-se o interpelad­o, por mandado, para prestar as explicaçõe­s requeridas na interpelaç­ão judicial proposta pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), no prazo legal”, escreveu o magistrado.

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As conversas que tivemos hoje estão caminhando muito bem. É provável que amanhã (hoje) ou depois a gente já anuncie o apoio ao presidente”

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ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS Governador negocia acordo com base no apoio do partido às propostas do governo no segundo mandato ÍGOR

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