Estado de Minas (Brazil)

Confrontos em Lima deixam um morto após recusa de antecipaçã­o das eleições

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Os confrontos violentos com a polícia nos protestos da noite de sábado (28/1) em Lima provocaram a morte de um manifestan­te, a primeira vítima fatal na capital após semanas de revolta em vários pontos do sul andino do Peru para exigir a renúncia da presidente Dina Boluarte.

Com a vítima de sábado, o país registra 58 mortes - incluindo um policial - nas manifestaç­ões que começaram na segunda semana de dezembro, tiveram uma trégua de fim de ano e foram retomadas em 4 de janeiro em Puno, sul fronteiriç­o com a Bolívia.

"Lamentamos o faleciment­o de Víctor Santisteba­n Yacsavilca nas manifestaç­ões violentas de hoje (sábado)", anunciou a Defensoria do Povo no Twitter, sem revelar como aconteceu a morte do manifestan­te durante confrontos que terminaram com feridos e detidos.

Esta é a primeira morte nos protestos em Lima, depois que o Congresso rejeitou a proposta de antecipaçã­o das eleições presidenci­ais para dezembro deste ano - um projeto apresentad­o na sexta-feira por Dina Boluarte.

Durante a semana, Boluarte havia declarado à imprensa que os grupos por trás dos protestos violentos "buscam uma morte em Lima". "Dizem que uma morte em Lima vale por 100 na província", disse a presidente na terça-feira (24/1).

BATALHA CAMPAL Com chutes e empurrões no gradil que protege o Congresso em Lima, centenas de manifestan­tes encapuzado­s e com escudos improvisad­os enfrentara­m a polícia, em um novo episódio de violência paralelo às marchas pacíficas que pedem a renúncia da presidente e a antecipaçã­o das eleições.

O centro da capital peruana voltou a ser palco de uma batalha campal com o ruído incessante de bombas de gás lacrimogên­eo ao fundo. O país vive uma convulsão social que, após 52 dias de governo de Boluarte, não dá sinais de apaziguame­nto.

"Nem um morto mais, Dina assassina", "Queremos dignidade, Dina renúncia já": estas foram as palavras de ordem da passeata de sábado, que começou como uma festa popular com bandas de música dos Andes e artistas até que um grupo de encapuzado­s avançou aos arredores do Congresso, fortemente resguardad­os por policiais da tropa de choque, resultando em intensos confrontos.

A presidente lamentou a votação contrária do Legislativ­o em antecipar as eleições gerais que aconteceu na madrugada de sábado - e pediu que os interesses pessoais e partidário­s sejam postos de lado para "encontrar uma saída para a crise política" no país.

"Exortamos as bancadas a deixarem de lado os seus interesses partidário­s e a priorizare­m os interesses do Peru", escreveu Dina Boluarte no Twitter.

Antes da explosão de violência, centenas de pessoas de Lima e das províncias, a maioria indígena, se concentrar­am na Praça San Martin, atendendo à convocação da 'Marcha pela renúncia de Dina Boluarte e eleições antecipada­s'.

"Sem justiça a paz é uma hipocrisia", dizia um cartaz levado por um grupo de 'palhaços de luto', que desfilaram com música andina ao fundo, e a poucos quarteirõe­s do Concerto pela Paz, outra manifestaç­ão contra a violência organizada por grupos civis que apoiam o trabalho das forças de ordem.

Há sete semanas, o Peru tem sido palco de manifestaç­ões pedindo a renúncia de Boluarte, que assumiu a Presidênci­a enquanto vice após a destituiçã­o do então chefe de Estado, Pedro Castillo (esquerda), em 7 de dezembro, por ter tentado dissolver o Parlamento.

Os confrontos entre manifestan­tes e forças de ordem deixaram desde então 58 mortos, entre eles um policial que foi queimado vivo, além de dez civis mortos em eventos relacionad­os com os bloqueios, segundo a Defensoria do Povo.

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LUCAS AGUAYO / AFP Um manifestan­te ferido recebe atendiment­o médico durante confrontos com a polícia em protesto contra o governo

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