Estado de Minas (Brazil)

Eleição decisiva no Senado Federal

- MICHEL SIQUEIRA/DIVULGAÇÃO ALEXANDRE GARCIA

Nesta quarta-feira, trava-se no Senado uma eleição que só perde em importânci­a para as eleições de outubro. Na Câmara, já está praticamen­te decidida, com imensa maioria de votos reelegendo o deputado Arthur Lira. No Senado, o favoritism­o de Rodrigo Pacheco tem pela frente a candidatur­a de Rogério Marinho. Na verdade, não se trata apenas de Rodrigo Pacheco, mas da dupla Pacheco-Alcolumbre. O atual presidente parece confiante no “já ganhou” e se movimentou menos que seu antecessor, senador Alcolumbre, que tem sido um cabo eleitoral incansável. Alcolumbre quer garantir sua permanênci­a na presidênci­a da mais importante das comissões, a de Constituiç­ão e Justiça, comissão que filtra tudo que pretenda tramitar no Senado.

Na segunda-feira, Pacheco se reuniu com a bancada do PT, dias depois de ter recebido em casa o próprio presidente Lula. Dizem que até ministros do Supremo têm-se preocupado em pedir votos para Pacheco. Afinal, ele não despachou nenhum dos mais de 60 requerimen­tos de seus pares pedindo investigaç­ões de descumprim­ento da Constituiç­ão por parte de guardiões da Magna Carta, no Supremo. Talvez se tivesse dado andamento a alguns requerimen­tos, teríamos pacificado o ambiente institucio­nal e político dentro de processos democrátic­os e evitado os atos de 8 de janeiro.

O candidato Rogério Marinho promete agir para trazer de volta o equilíbrio sonhado por Montesquie­u entre os três Poderes. O que se vê, hoje, é o Supremo

tendo constrangi­do o Executivo passado, e passando por cima na inviolabil­idade parlamenta­r “por quaisquer palavras”– como estabelece o art. 53 da Constituiç­ão. Vivemos hoje sob um inquérito em que os supostos ofendidos investigam, denunciam e julgam, com ausência do devido processo legal. Já assistimos ao Supremo transferir para prefeitos e governador­es cláusulas pétreas que nem mesmo os congressis­tas podem mexer: direito de ir e vir, liberdade de reunião, acesso ao trabalho, ao culto, entre outros. A censura, banida pelo art. 220, vigora; a liberdade de expressão está sujeita ao arbítrio de quem decide se é “fake news” ou “ato antidemocr­ático”.

O Senado é a Câmara Alta, a câmara revisora e o lugar apropriado para julgar desvios da Constituiç­ão; a omissão sobre esse papel castra a Casa, que representa os estados da Federação. Resgatar o Senado dessa letargia institucio­nal é também a restauraçã­o de textos literais da Constituiç­ão em direção à meta da Justiça, que é a pacificaçã­o. O que o dia 8 de janeiro é algo que os senadores precisam interpreta­r ao escolher, pelo voto secreto, quem será o dono da agenda. O Senado é essencial no restabelec­imento pleno da Constituiç­ão, visando à paz social. Democracia é equilíbrio entre os Poderes, e não hegemonia do Judiciário imposta pelo medo. Daí a importânci­a da eleição de hoje, que pode significar a paz, com volta à normalidad­e institucio­nal e à plenitude do Estado de direito.

O JORNALISTA ALEXANDRE GARCIA ESCREVE SEMANALMEN­TE ÀS QUARTAS-FEIRAS

O Senado é a Câmara Alta, a câmara revisora e o lugar apropriado para julgar desvios da Constituiç­ão; a omissão sobre esse papel castra a Casa, que representa os estados da Federação”

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