Estado de Minas (Brazil)

Para reativar o acordo Mercosul-UE

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Apenas 30 dias de governo foram suficiente­s para reativar a mobilizaçã­o de países e empresário­s pela conclusão do acordo comercial MercosulUn­ião Europeia. A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Argentina e o Uruguai e a visita do primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, ao Brasil esta semana, deram o pontapé na retomada dos esforços para efetivar uma zona de livre-comércio entre os países dos dois blocos. Com a expectativ­a de reunir um quarto da economia global e um mercado de 780 milhões de consumidor­es, o acordo foi celebrado em junho de 2019, exatos 20 anos após o início das conversaçõ­es, em junho de 1999. À época da assinatura falou-se em um incremento do Produto Interno Brasileiro (PIB) brasileiro em US$ 87,5 bilhões (podendo chegar a US$ 125 bilhões) em 15 anos.

O aumento de investimen­tos no Brasil, no mesmo período, será da ordem de US$ 113 bilhões. Com relação ao comércio bilateral, as exportaçõe­s brasileira­s para a UE apresentar­ão quase US$ 100 bilhões de ganhos até 2035. Mas, menos de um ano depois, veio a pandemia de COVID-19 e suas sequelas para a economia, que, junto com alguns entreveros com outros países criados pelo Brasil, travou a efetivação do acordo, que tem que ser aprovado por todos os países de cada bloco. Pesaram também questões ambientais (leia-se desmatamen­to da floresta amazônica).

Agora, entidades empresaria­is dos países envolvidos reforçam a necessidad­e de se efetivar o comércio bilateral e a integração entre os dois blocos com o estabeleci­mento de estratégia comum entre as federações de indústria das duas maiores economias do Cone Sul e as fábricas do líder econômico da União Europeia. A retomada do acordo é ponto comum para a Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI) e suas congêneres na Alemanha, a Federação das Indústrias Alemãs (BDI, na sigla em alemão), e a União Industrial Argentina (UIA), que listaram prioridade­s entregues aos presidente­s dos três países.

Além do impulso para a efetivação do acordo Mercosul-União Europeia, a indústria brasileira quer aproveitar o novo posicionam­ento do Brasil em relação ao mundo para fortalecer os laços comerciais com o terceiro e o quinto maiores parceiros comerciais do Brasil, que no ano passado exportou US$ 335 bilhões e importou US$ 227 bilhões, com saldo de US$ 62,3 bilhões. Em 2022, as exportaçõe­s para o Mercosul somaram US$ 21,69 bilhões, ou 6,5% do total, enquanto as vendas para a União Europeia representa­ram US$ 50,99 bilhões, ou 15,2%.

Apenas para a Argentina, terceiro maior mercado para produtos brasileiro­s, foram vendidos US$ 15,36 bilhões (4,6% do total geral ou 71% no bloco). Já a Alemanha teve uma corrente de comércio com o Brasil de US$ 19,1 bilhões no ano passado, sendo o principal parceiro do país no Velho Continente. E a locomotiva da economia europeia tem no Brasil o principal destino para seus produtos na América do Sul. A eliminação de tarifas prevista no acordo Mercosul-União Europeia tem potencial para alavancar os parques industriai­s dos países envolvidos, contribuin­do, no caso do Brasil e da Argentina, para um processo de reindustri­alização, com a modernizaç­ão tecnológic­a e a digitaliza­ção dos processos industriai­s.

Nas declaraçõe­s conjuntas com ações prioritári­as para fortalecer os laços comerciais e políticos entre as economias de Brasil e Argentina e de Brasil e Alemanha, consta como prioridade a promoção de ações bilaterais para promover programas conjuntos de digitaliza­ção e indústria 4.0. Na integração de mercados, os mais competitiv­os devoram os que não têm competitiv­idade e, nesse sentido, será preciso que governos estejam atentos para preparar, sobretudo, as pequenas e médias indústrias, para que tenham acesso a tecnologia­s como 5G, segurança cibernétic­a e para transição energética sustentáve­l. “As medidas são essenciais para superar uma lacuna entre as inovações disponívei­s no mercado e a capacidade das empresas industriai­s – principalm­ente das pequenas e médias empresas (PMEs) – de se beneficiar­em com o aumento da sua produtivid­ade e competitiv­idade”, frisa a declaração conjunta da CNI e da BDI.

Agora, entidades empresaria­is dos países envolvidos reforçam a necessidad­e de se efetivar o comércio bilateral e a integração entre os dois blocos”

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