O PERIGO ESTÁ CHAMANDO
Diretor M. Night Shyamalan volta ao suspense com “Batem à porta”, história de uma família isolada na floresta que se vê ameaçada pela chegada de quatro estranhos com uma teoria apocalíptica
Hollywood se tornou "totalmente disfuncional". É o que afirma o aclamado cineasta americano de origem indiana M. Night Shyamalan, que volta às salas de cinema a partir desta quinta-feira (2/2), com um filme que, mais uma vez, mexe com os nervos do público.
Conciliar "arte e comércio é complicado", disse o ás dos filmes de suspense, em uma entrevista em Paris para divulgação do lançamento de seu longa "Batem à porta", adaptado de um romance de Paul Tremblay.
Na Hollywood de hoje, "falando em termos gerais, há filmes que são simplesmente incestuosos, masturbatórios, que falam apenas consigo mesmos. Hollywood fala consigo mesma", disse o diretor dos filmes “Sexto sentido”, "Sinais" e "Tempo".
"E também há filmes que dizem que são feitos para o público, e [acham] que o público é estúpido. Eles tiram toda a alma disso e se limitam a fazer seu filme por cálculo", acrescentou.
ESTÚDIOS "Esses são sinais de que nossa indústria é totalmente disfuncional", observou. Segundo ele, os estúdios americanos mudaram muito desde a época de "Sexto sentido", seu primeiro grande sucesso, estrelado por Bruce Willis e lançado em 1999, ano de "Matrix" e "A Bruxa de Blair", que se tornaram "clássicos".
"A indústria era diferente naquela época. Tudo se resumia a encontrar os melhores narradores de histórias para contar histórias para o grande público, e todos trabalhavam com esse objetivo", disse.
Para manter sua liberdade, o cineasta, de 52 anos, explica que a única solução que encontrou foi “sair do sistema”. “Pago eu mesmo e faço eu mesmo meus filmes”, afirmou.
Em "Batem à porta", M. Night Shyamalan retoma um de seus temas favoritos com a história de uma família isolada em uma cabana na floresta que vê quatro estranhos chegarem. Segundo eles, o fim do mundo está próximo e a única maneira de evitá-lo é sacrificando um deles.
O filme parece ecoar a preocupação contemporânea com as fake news, nas quais as teorias mais malucas podem provocar atos violentos.
Por ser independente, o cineasta não precisa pedir permissão para “colocar um casal gay no centro da história”, como é o caso dessa família homoparental, nem perguntar se é “uma boa ideia contratar um lutador profissional”, como Dave Bautista, que interpreta o líder dos cavaleiros do apocalipse que ameaçam a família.
A chave é saber falar com o público, diz M. Night Shyamalan, acrescentando que essa é sua "maneira de se manter saudável nessa indústria doente". [Knock at the cabin, 2023]. De M. Night Shyamalan. Com Dave Bautista, Jonathan Groff, Bem Aldridge. Em cartaz a partir desta quinta-feira (2/2), em salas dos complexos Cineart, Cinemark, Cinépolis e Cinesercla
“TUDO EM TODO LUGAR…” VOLTA AO CARTAZ EM BH
A bordo de suas 11 indicações ao Oscar, que lhe deram a liderança na corrida ao prêmio neste ano, “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”, dos Daniels, lançado nos cinemas em junho passado, volta ao cartaz a partir desta quinta-feira (2/2), com sessões no UNA Cine Belas Artes (20h30), no Cineart Ponteio (21h), no Cinemark Pátio Savassi (15h) e no Centro Cultural Unimed-BH Minas Tênis Clube (16h10). Comédia com tons de ficção científica, o longa acompanha a história de Evelyn (Michelle Yeoh), imigrante chinesa nos EUA, que, enquanto lida com um casamento em crise, uma relação difícil com a filha e um imbróglio com o fisco, descobre que tem distintas vidas paralelas no multiverso.