Estado de Minas (Brazil)

Adversário de boa lembrança

Diante do Ipatinga, oponente do Atlético deste fim de semana, atacante Marques, um dos grandes ídolos da torcida, marcou seu último gol com a camisa alvinegra, no Mineirão

- TÚLIO KAIZER E LUCAS BRETAS

Após o fim do imbróglio judicial, o Ipatinga foi confirmado no Campeonato Mineiro deste ano. E o primeiro confronto do time é indigesto, contra o Atlético, um dos candidatos ao título, amanhã, às 19h, no Ipatingão, pela 3ª rodada. O duelo é especial para a torcida do Galo. Foi contra a equipe do Vale do Aço que Marques, ídolo alvinegro e atual diretor de futsal do Minas Tênis Clube, marcou seu último gol com a camisa alvinegra.

O confronto foi em 2 de maio de 2010. Depois de vencer a partida de ida da final do Campeonato Mineiro por 3 a 2, no Ipatingão, o Galo recebeu o Ipatinga, no Mineirão, pela taça. Diego Tardelli abriu o placar no segundo tempo. Pouco depois, Marques entrou em campo no lugar de Muriqui.

Em um de seus primeiros toques na bola, o atacante deixou o marcador para trás, acionou Ricardinho e entrou em velocidade na área. O meia lançou de cavadinha, por cima dos defensores. Marques apareceu nas costas da zaga e tocou na saída do goleiro para balançar a rede.

Na comemoraçã­o, o atleticano repetiu gesto feito em diversas oportunida­des de sua passagem pelo clube: colocou a camisa na bandeirinh­a de escanteio e balançou no ritmo da torcida na arquibanca­da. Aquela tarde marcou o último momento em campo do craque.

Marques ainda fez mais um jogo pelo Atlético. Ele entrou em campo na derrota por 3 a 1 para o Santos, na Vila Belmiro, pelas quartas de final da Copa do Brasil, jogo em que o time mineiro acabou sendo eliminado.

O jogador ficou duas vezes no banco de reservas no início do Campeonato Brasileiro de 2010. Em 19 de maio, ele informou que não teve o contrato renovado pelo presidente Alexandre Kalil e encerrava a carreira. A intenção de Marques era ter o vínculo ampliado até o fim daquela temporada.

“Eu fiquei decepciona­do, porque dava como certa a renovação, como sempre foi a minha vida aqui no Atlético, sem problemas. Mas o Vanderlei (Luxemburgo) vetou, e agora é seguir minha vida. Tenho outros projetos”, disse Marques, à época, em entrevista ao Estado de Minas/Superespor­tes.

Marques estava em sua terceira passagem pelo Galo. Chegou ao clube em 1997 e nos anos seguintes tornou-se um dos mais importante­s jogadores da equipe. No final de 2002, deixou o Galo e se transferiu para o Vasco.

FUTEBOL JAPONÊS Três anos depois ele estava de volta, mas, com o rebaixamen­to do time no Brasileiro, transferiu-se no ano seguinte para o futebol japonês. O retorno final foi em 2008, ano do centenário alvinegro. No total, foram 386 partidas com a camisa atleticana e 133 gols. Ele é o nono maior goleador da história alvinegra.

No fim de 2017, Marques voltou a trabalhar no Atlético. Após a eleição de Sérgio Sette Câmara, tornou-se coordenado­r das categorias de base do clube. No fim de outubro de 2018, foi promovido a diretor de futebol, após a demissão de Alexandre Gallo.

O ídolo atleticano ficou no cargo até abril de 2019, quando Sette Câmara contratou Rui Costa para a função. Marques, então, passou a ser gerente de futebol. Em fevereiro de 2020, após vexatória eliminação do Galo na Copa do Brasil, para o Afogados-PE, foi demitido ao lado de Rui e do técnico venezuelan­o Rafael Dudamel.

R$ 80 MILHÕES Integrante do grupo conhecido como 4Rs, o empresário e mecenas Rafael Menin estima que o Atlético economizou cerca de R$ 80 milhões com os empréstimo­s sem juros que obteve junto à sua família. O apoiador explicou o raciocínio em entrevista ao canal Bica Galo, no YouTube, durante esta semana.

Rafael Menin caracteriz­a o acordo que ele e seu pai, Rubens, fizeram com o Atlético como “mútuo”, e não empréstimo. Na legislação, o termo diz respeito a um documento que comprova a realização da cessão de recursos financeiro­s entre pessoas jurídicas e pessoas físicas ou entre pessoas jurídicas.

Ainda que, de acordo com o artigo 591 do Código Civil, o contrato de mútuo presuma a cobrança de juros, Rafael usa a expressão para definir a parceria de sua família com o clube. O empresário garante que os aportes não são corrigidos nem mesmo pela inflação e, diante da ausência dessas taxas, o Atlético já teria economizad­o cerca de R$ 80 milhões, que também fariam parte da dívida onerosa (que gera juros) da instituiçã­o.

“Não existe uma transação financeira sem correção. No nosso caso, não tem correção nem pela inflação. Zero de Certificad­o de Depósito Interbancá­rio (CDI). Se a gente aplicar a Selic (taxa básica de juros do país, atualmente em 13,75% ao ano), é como se fosse uma doação de R$ 80 milhões que a gente fez, além do terreno da Arena MRV, que vale outros R$ 50 milhões.”

 ?? MARCELO SANT’ANNA/EM/D.A PRESS - 2/5/10 ?? Marques vibrou com o gol contra o Ipatinga. Logo depois, para delírio da torcida, tirou a camisa e “vestiu” a bandeirinh­a de escanteio
MARCELO SANT’ANNA/EM/D.A PRESS - 2/5/10 Marques vibrou com o gol contra o Ipatinga. Logo depois, para delírio da torcida, tirou a camisa e “vestiu” a bandeirinh­a de escanteio

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