O visionário Felício Brandi
O pioneirismo do Cruzeiro tem nome e sobrenome: Felício Brandi, reconhecido por muitos como o principal presidente da história celeste. Ele dirigiu o clube de 1961 a 1982, conquistando o Campeonato Brasileiro de 1966, a Copa Libertadores de 1976 e 10 Campeonatos Mineiros (1961, 65, 66, 67, 68, 69, 72, 73, 74 e 75).
Em meados dos anos 1960, Brandi teve a ideia de construir a Toca da Raposa I. Ele, que faleceu em 2004, entendia que a Pampulha era o lugar ideal por estar próxima ao Mineirão – onde o time celeste mandava suas partidas – e, na época, afastada do movimento do Centro da capital.
“Havia, na Pampulha, o Mineirão, a igrejinha, o Zoológico de BH e muitos sítios. Não era uma área urbanizada como hoje, e sim um lugar muito tranquilo e distante do burburinho do Centro. Felício Brandi queria afastar o jogador da agitação, porque naquela época era comum torcedor ir acompanhar o treino, muitos curiosos também”, relembra o ex-atacante Evaldo, que atuou no time estrelado nas décadas de 1960 e 1970.
Existem algumas versões sobre a compra do terreno para construir a Toca I. A mais conhecida delas é que Brandi havia prometido à esposa que compraria um sítio para a família na Pampulha. Ao pesquisar terrenos na região e perceber a excelente localização em relação ao Mineirão, ele entendeu que ali era o local ideal para a construção de um centro de treinamentos para o Cruzeiro.
Evaldo relembra outros detalhes. “O presidente era um italiano de negócios, excelente para fazer acordos. Ele estava procurando um terreno na Pampulha para o Cruzeiro, mas estava com dificuldade de encontrar. Por fim, descobriu uma mulher que havia ficado viúva. Ele ficou atrás dela por muito tempo, tentando convencê-la, até conseguir comprar o terreno”, revelou.
SEM MODÉSTIA Deixando a modéstia de lado, Felício Brandi já reconheceu publicamente a relevância da sua administração. “Acredito que o Cruzeiro tenha um marco de divisão de duas eras: antes e depois que a gente começou a trabalhar no clube”, disse em entrevista nos anos 1990.
Na inauguração da Toca I, os sócios do Cruzeiro fizeram uma placa exaltando “o trabalho, o talento e a visão” de Brandi. “Ao grande presidente do Cruzeiro Esporte Clube Felício Brandi o reconhecimento e a gratidão da família cruzeirense pela construção dessa magnífica obra.” Em 2020, a Toca da Raposa I foi rebatizada em homenagem ao dirigente: Centro de Formação Felício Brandi. No local, o Cruzeiro descobriu grandes craques, como o próprio Ronaldo Fenômeno, que chegou a treinar por lá no início da década de 90.