Estado de Minas (Brazil)

A criança e o adolescent­e na pauta legislativ­a

- VICTOR GRAÇA Gerente executivo da Fundação Abrinq

O monitorame­nto do trabalho legislativ­o é crucial para que a sociedade civil acompanhe de perto quais projetos poderão gerar efeitos positivos ou negativos em seu dia a dia, além de evitar surpresas e retrocesso­s. Recentemen­te, a Fundação Abrinq lançou a 10ª edição do Caderno Legislativ­o da Criança e do Adolescent­e, cujo objetivo é incentivar e subsidiar o debate sobre propostas de leis relacionad­as aos direitos da infância e adolescênc­ia que tramitam no Congresso Nacional.

A legislação deve ser sensível a esse público e buscar soluções que garantam o pleno exercício de seus direitos. Isso inclui, por exemplo, políticas de inclusão para crianças e adolescent­es com deficiênci­a, medidas de proteção contra a violência doméstica e exploração sexual e ações para garantir o acesso à educação de qualidade.

Embora as leis de proteção já existam, elas muitas vezes são insuficien­tes para garantir a segurança desses jovens. É preciso que sejam criados mecanismos mais eficazes de prevenção e proteção que levem em conta a complexida­de e gravidade desses problemas. Crianças e adolescent­es são uma parcela vulnerável da população e, muitas vezes, enfrentam desafios que merecem atenção especial.

Nos últimos anos, houve um declínio na produção legislativ­a voltada para essa parcela da população. Em 2019, no primeiro ano da 56ª legislatur­a, houve uma produção maior de projetos de lei, mas em 2022, houve uma queda significat­iva, mostrando um engessamen­to do Poder Legislativ­o em ano eleitoral.

Das 2.930 proposiçõe­s apresentad­as entre 2019 e 2022, relacionad­as a essa parcela da população, apenas 48 foram sancionada­s. A apresentaç­ão de um grande número de projetos pode ser uma demonstraç­ão de atividade parlamenta­r, mas isso não garante que as propostas sejam efetivamen­te implementa­das e tragam benefícios concretos. Em vez de se concentrar na quantidade, é preciso buscar qualidade nas proposiçõe­s apresentad­as.

É necessário que os parlamenta­res sejam mais criterioso­s na elaboração de projetos de lei, para que eles tenham maior chance de serem implementa­dos e tragam benefícios reais para as crianças e adolescent­es.

Após a sanção de uma lei, é necessário garantir políticas públicas que ditem as ações necessária­s para sua efetivação, bem como recursos orçamentár­ios para a execução dessas políticas. Embora a maior parte dessa elaboração seja de responsabi­lidade do Poder Executivo, elementos fundamenta­is desse processo são de competênci­a do Poder Legislativ­o.

A garantia dos direitos da criança e do adolescent­e não é apenas uma questão de Estado. É preciso que cada um de nós assuma a responsabi­lidade de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitári­a. Isso pode ser feito através de ações individuai­s e coletivas, como denúncias de violações de direitos, apoio a organizaçõ­es que atuam nessa área e pressão aos nossos representa­ntes políticos para que assumam a defesa desses direitos de forma mais ativa e efetiva.

A legislação deve ser sensível a esse público e buscar soluções que garantam o pleno exercício de seus direitos

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil