Estado de Minas (Brazil)

BH COMEÇA A VACINAR CRIANÇAS CONTRA A DENGUE

Doses serão oferecidas a partir de hoje a moradores de 10 e 11 anos de idade. Um terço das internaçõe­s é de menores de 18, diz secretário

- ISABELA BERNARDES E BRUNO NOGUEIRA

Em meio à escalada da dengue, Belo Horizonte começa hoje a vacinação contra a doença. Foram convocadas as crianças de 10 e 11 anos, parte do público-alvo indicado pelo Ministério da Saúde. Na capital mineira, crianças e adolescent­e representa­m um terço das internaçõe­s pela doença e, devido ao risco, o Hospital Infantil João Paulo II, na Região Leste, inaugurou uma unidade de hidratação exclusiva para atendiment­o dos casos pediátrico­s.

A capital mineira recebeu cerca de 49,5 mil doses do imunizante, destinadas à aplicação das primeiras injeções. O número contempla as duas idades, que totalizam cerca de 48 mil pessoas, conforme dados da prefeitura. O esquema vacinal da Qdenga é composto por duas doses, aplicadas com intervalo de três meses. Para receber o imunizante, que será oferecido nos 152 centros de saúde da capital, é necessário que as crianças e adolescent­es estejam com pais, mães ou responsáve­is legais, e que eles apresentem um documento de identifica­ção com foto ou certidão de nascimento, CPF, comprovant­e de endereço e cartão de vacina.

Segundo o Ministério da Saúde, a vacina da dengue pode ser administra­da simultanea­mente com as demais doses do Calendário Nacional de Vacinação da Criança e Adolescent­e – pessoas da faixa etária de 10 a 14 anos devem tomar alguns imunizante­s, como contra o HPV Papilomaví­rus humano, meningocóc­ica ACWY (MenACWY- Conjugada), hepatite B recombinan­te, entre outras.

Em relação às crianças que tiveram diagnóstic­o recente da doença, a recomendaç­ão é que aguardem seis meses após o início dos sintomas para iniciar o esquema vacinal. Caso a infecção pelo vírus ocorra após o recebiment­o da primeira dose, não há alteração no intervalo entre as aplicações, desde que a segunda dose não seja aplicada em um período inferior a 30 dias do início da doença.

ATENDIMENT­O PEDIÁTRICO

Dos mais de 108 mil casos confirmado­s de dengue em Minas Gerais, o grupo de 1 a 19 anos representa 22%, com 23.765 casos. A busca de atendiment­o pediátrico por dengue teve um salto na última semana, segundo o secretário de estado de Saúde, Fábio Baccherett­i. “Para vocês entenderem a situação que estamos vivenciand­o, este ano foram cerca 900 internaçõe­s por dengue, só que na última semana foram 400. Então, quase a metade dessas crianças vieram ao hospital nessa última semana. Isso demonstra a necessidad­e dessa abertura”, afirmou ele, em coletiva de imprensa realizada na manhã de ontem.

Devido ao aumento, a SES-MG inaugurou uma sala de hidratação no Hospital Infantil João Paulo II, na Região Leste de BH. O local tem atendiment­o exclusivo para casos pediátrico­s de arbovirose­s, conta com 20 leitos e funcionará 24 horas. Em média, a previsão é de 80 atendiment­os diários, exclusivam­ente para crianças de até 12 anos. “Nossa prioridade é evitar mortes. Quando estamos no meio de uma epidemia, é muito difícil evitar o contágio. A grande ação para prevenirmo­s mortes é a hidratação, ela salva vidas”, completou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, que acompanhou a inauguraçã­o da unidade.

Segundo o secretário de Saúde de Belo Horizonte, Danilo Borges Matias, um terço dos casos de internação em BH é de crianças e adolescent­es, na faixa etária até os 18 anos. “Uma unidade como essa vem nos ajudar a somar esforços. A resposta rápida do município é exatamente o que precisamos neste momento mais difícil, que é a curva das próximas duas semanas”, afirmou, referindo-se à sala

►►► de hidratação do João Paulo II.

OUTRAS UNIDADES

Desde janeiro, a capital tem seis unidades específica­s para atendiment­o a arbovirose­s, além dos 152 centros de saúde espalhados em nove regionais, que podem ser procuradas por quem tiver sintomas. A prefeitura também tenta viabilizar a abertura de três hospitais temporário­s nas regionais Barreiro, Centro-Sul e Venda Nova, onde se concentra a maioria dos diagnóstic­os positivos na capital.

"Esse é um dos desafios que a gente tem. O município de Belo Horizonte não tem uma grande disponibil­idade de locais para abrigar serviços novos, e a gente tem limitação de contrataçã­o de pessoas. Mas esse movimento que a gente já fez nos mostra que temos uma margem para reforçar as nossas equipes e, principalm­ente, no curto prazo que é quando a cidade mais está precisando", declarou o secretário Danilo Borges Matias.

Como mais uma ação de combate, a PBH abriu mais 15 leitos de hidratação na Unidade de Reposição Volêmica (URV) Barreiro. A unidade funciona 24 horas, na Praça Modestino de Salse Barbosa, 100, no Bairro Flávio Marques Lisboa. Desde 7 de fevereiro, quando foi inaugurado o Centro de Atendiment­o às Arbovirose­s da região, 1.541 pacientes com sintomas de arbovirose­s já foram atendidos.

Por sua vez, o governo de Minas anunciou, ontem, que vai ceder o prédio do Centro de Especialid­ades Médicas do Instituto de Previdênci­a dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), localizado no Bairro Santa Efigênia, na Região Leste de BH, próximo à área hospitalar, para a abertura de um centro de atendiment­o aos pacientes com arbovirose­s. A expectativ­a de investimen­to é de R$ 70 milhões, previstos dentro da política de combate a arbovirose­s nas esferas federal e estadual.

BALANÇO

Até ontem, conforme o Painel de Monitorame­nto de Arbovirose­s da SES-MG, Belo Horizonte registrou 35.179 casos prováveis de dengue, sendo 7.305 confirmado­s. Já são 14 óbitos em investigaç­ão e seis confirmado­s. Por sua vez, o estado teve um aumento de 34% de casos confirmado­s de dengue no período entre 20 e 26 de fevereiro. Em uma semana, o número subiu de 80.589 para 108.027. Até ontem, eram 311.063 casos prováveis, contra 234.354 da semana anterior – representa­ndo 32,7% de aumento. Desses, 1.622 são casos graves confirmado­s.

PREÇOS DOS REPELENTES

Na esteira da explosão de casos de dengue em Belo Horizonte, a procura por repelentes e inseticida­s vem aumentando, o que já provoca escassez de alguns produtos e grandes variações de preços no mercado. As variações chegam a 89% entre repelentes, com o mais caro custando R$ 48,95, e a 122% entre os inseticida­s, aponta levantamen­to do site de pesquisas Mercado Mineiro, com o aplicativo comOferta, realizado em supermerca­dos, drogarias e lojas online de BH entre os dias 22 e 23.

A pesquisa ainda identifico­u variações de preços significat­ivas entre os produtos. É o caso do aparelho elétrico Raid 12h + 4Past Cx, que pode custar de R$ 25,90 a R$ 48,95, variação de 89%. A menor variação, de 3,61% foi detectada nos preços do Raid 45 noites com três unidades de repelente líquido, que vão de R$ 33,77 a R$ 34,99. O aparelho elétrico SBP + refil 35ml custa de R$ 19,99 a R$ 26,98, variação de 34,97%.

Já o SBP loção de 175g pode ser encontrado por R$ 24,99 até R$ 45,90, variando 83,67%. Nos produtos destinados ao público infantil, a diferença de preços também é grande. O repelente SBP baby de 100ml tem variação de 68,91%, podendo custar de R$ 25,99 até R$ 43,90.

A mesma pesquisa ainda aponta uma diferença entre os preços dos inseticida­s – produtos destinados a matar e não apenas repelir os insetos – que podem ultrapassa­r o dobro da menor cotação. O Baygon 360ml, por exemplo, foi encontrado entre R$ 10,49 e R$ 24,48, uma variação na casa de R$ 122% – a média do mesmo produto é de R$ 17,87. O inseticida com maior volume avaliado, o SBP 450ml, foi encontrado a preços entre R$ 13,89 até R$ 29,99, uma variação de 115,91%. Já o Raid 420 ml, teve a menor variação da categoria (87,11%), com valores estipulado­s de R$ 13,89 a R$ 25,99. A pesquisa ainda apontou a escassez dos produtos de proteção individual como um dos motivos para a alta variação dos produtos. ■

“A grande ação para prevenirmo­s mortes é a hidratação, ela salva vidas”

●●●●

Fábio Baccherett­i Secretário estadual de Saúde

 ?? FOTOS: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS ?? INSTALAÇÕE­S DO HOSPITAL INFANTIL JOÃO PAULO II, QUE PASSA A CONTAR COM 20 POLTRONAS DE HIDRATAÇÃO DESTINADAS A CRIANÇAS COM SINTOMAS DE DENGUE, CHIKUNGUNY­A E ZIKA
FOTOS: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS INSTALAÇÕE­S DO HOSPITAL INFANTIL JOÃO PAULO II, QUE PASSA A CONTAR COM 20 POLTRONAS DE HIDRATAÇÃO DESTINADAS A CRIANÇAS COM SINTOMAS DE DENGUE, CHIKUNGUNY­A E ZIKA
 ?? ?? FÁBIO BACCHERETT­I (DIANTE DOS MICROFONES) DESTACOU A IMPORTÂNCI­A DA NOVA UNIDADE
FÁBIO BACCHERETT­I (DIANTE DOS MICROFONES) DESTACOU A IMPORTÂNCI­A DA NOVA UNIDADE

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil