BH COMEÇA A VACINAR CRIANÇAS CONTRA A DENGUE
Doses serão oferecidas a partir de hoje a moradores de 10 e 11 anos de idade. Um terço das internações é de menores de 18, diz secretário
Em meio à escalada da dengue, Belo Horizonte começa hoje a vacinação contra a doença. Foram convocadas as crianças de 10 e 11 anos, parte do público-alvo indicado pelo Ministério da Saúde. Na capital mineira, crianças e adolescente representam um terço das internações pela doença e, devido ao risco, o Hospital Infantil João Paulo II, na Região Leste, inaugurou uma unidade de hidratação exclusiva para atendimento dos casos pediátricos.
A capital mineira recebeu cerca de 49,5 mil doses do imunizante, destinadas à aplicação das primeiras injeções. O número contempla as duas idades, que totalizam cerca de 48 mil pessoas, conforme dados da prefeitura. O esquema vacinal da Qdenga é composto por duas doses, aplicadas com intervalo de três meses. Para receber o imunizante, que será oferecido nos 152 centros de saúde da capital, é necessário que as crianças e adolescentes estejam com pais, mães ou responsáveis legais, e que eles apresentem um documento de identificação com foto ou certidão de nascimento, CPF, comprovante de endereço e cartão de vacina.
Segundo o Ministério da Saúde, a vacina da dengue pode ser administrada simultaneamente com as demais doses do Calendário Nacional de Vacinação da Criança e Adolescente – pessoas da faixa etária de 10 a 14 anos devem tomar alguns imunizantes, como contra o HPV Papilomavírus humano, meningocócica ACWY (MenACWY- Conjugada), hepatite B recombinante, entre outras.
Em relação às crianças que tiveram diagnóstico recente da doença, a recomendação é que aguardem seis meses após o início dos sintomas para iniciar o esquema vacinal. Caso a infecção pelo vírus ocorra após o recebimento da primeira dose, não há alteração no intervalo entre as aplicações, desde que a segunda dose não seja aplicada em um período inferior a 30 dias do início da doença.
ATENDIMENTO PEDIÁTRICO
Dos mais de 108 mil casos confirmados de dengue em Minas Gerais, o grupo de 1 a 19 anos representa 22%, com 23.765 casos. A busca de atendimento pediátrico por dengue teve um salto na última semana, segundo o secretário de estado de Saúde, Fábio Baccheretti. “Para vocês entenderem a situação que estamos vivenciando, este ano foram cerca 900 internações por dengue, só que na última semana foram 400. Então, quase a metade dessas crianças vieram ao hospital nessa última semana. Isso demonstra a necessidade dessa abertura”, afirmou ele, em coletiva de imprensa realizada na manhã de ontem.
Devido ao aumento, a SES-MG inaugurou uma sala de hidratação no Hospital Infantil João Paulo II, na Região Leste de BH. O local tem atendimento exclusivo para casos pediátricos de arboviroses, conta com 20 leitos e funcionará 24 horas. Em média, a previsão é de 80 atendimentos diários, exclusivamente para crianças de até 12 anos. “Nossa prioridade é evitar mortes. Quando estamos no meio de uma epidemia, é muito difícil evitar o contágio. A grande ação para prevenirmos mortes é a hidratação, ela salva vidas”, completou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, que acompanhou a inauguração da unidade.
Segundo o secretário de Saúde de Belo Horizonte, Danilo Borges Matias, um terço dos casos de internação em BH é de crianças e adolescentes, na faixa etária até os 18 anos. “Uma unidade como essa vem nos ajudar a somar esforços. A resposta rápida do município é exatamente o que precisamos neste momento mais difícil, que é a curva das próximas duas semanas”, afirmou, referindo-se à sala
►►► de hidratação do João Paulo II.
OUTRAS UNIDADES
Desde janeiro, a capital tem seis unidades específicas para atendimento a arboviroses, além dos 152 centros de saúde espalhados em nove regionais, que podem ser procuradas por quem tiver sintomas. A prefeitura também tenta viabilizar a abertura de três hospitais temporários nas regionais Barreiro, Centro-Sul e Venda Nova, onde se concentra a maioria dos diagnósticos positivos na capital.
"Esse é um dos desafios que a gente tem. O município de Belo Horizonte não tem uma grande disponibilidade de locais para abrigar serviços novos, e a gente tem limitação de contratação de pessoas. Mas esse movimento que a gente já fez nos mostra que temos uma margem para reforçar as nossas equipes e, principalmente, no curto prazo que é quando a cidade mais está precisando", declarou o secretário Danilo Borges Matias.
Como mais uma ação de combate, a PBH abriu mais 15 leitos de hidratação na Unidade de Reposição Volêmica (URV) Barreiro. A unidade funciona 24 horas, na Praça Modestino de Salse Barbosa, 100, no Bairro Flávio Marques Lisboa. Desde 7 de fevereiro, quando foi inaugurado o Centro de Atendimento às Arboviroses da região, 1.541 pacientes com sintomas de arboviroses já foram atendidos.
Por sua vez, o governo de Minas anunciou, ontem, que vai ceder o prédio do Centro de Especialidades Médicas do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), localizado no Bairro Santa Efigênia, na Região Leste de BH, próximo à área hospitalar, para a abertura de um centro de atendimento aos pacientes com arboviroses. A expectativa de investimento é de R$ 70 milhões, previstos dentro da política de combate a arboviroses nas esferas federal e estadual.
BALANÇO
Até ontem, conforme o Painel de Monitoramento de Arboviroses da SES-MG, Belo Horizonte registrou 35.179 casos prováveis de dengue, sendo 7.305 confirmados. Já são 14 óbitos em investigação e seis confirmados. Por sua vez, o estado teve um aumento de 34% de casos confirmados de dengue no período entre 20 e 26 de fevereiro. Em uma semana, o número subiu de 80.589 para 108.027. Até ontem, eram 311.063 casos prováveis, contra 234.354 da semana anterior – representando 32,7% de aumento. Desses, 1.622 são casos graves confirmados.
PREÇOS DOS REPELENTES
Na esteira da explosão de casos de dengue em Belo Horizonte, a procura por repelentes e inseticidas vem aumentando, o que já provoca escassez de alguns produtos e grandes variações de preços no mercado. As variações chegam a 89% entre repelentes, com o mais caro custando R$ 48,95, e a 122% entre os inseticidas, aponta levantamento do site de pesquisas Mercado Mineiro, com o aplicativo comOferta, realizado em supermercados, drogarias e lojas online de BH entre os dias 22 e 23.
A pesquisa ainda identificou variações de preços significativas entre os produtos. É o caso do aparelho elétrico Raid 12h + 4Past Cx, que pode custar de R$ 25,90 a R$ 48,95, variação de 89%. A menor variação, de 3,61% foi detectada nos preços do Raid 45 noites com três unidades de repelente líquido, que vão de R$ 33,77 a R$ 34,99. O aparelho elétrico SBP + refil 35ml custa de R$ 19,99 a R$ 26,98, variação de 34,97%.
Já o SBP loção de 175g pode ser encontrado por R$ 24,99 até R$ 45,90, variando 83,67%. Nos produtos destinados ao público infantil, a diferença de preços também é grande. O repelente SBP baby de 100ml tem variação de 68,91%, podendo custar de R$ 25,99 até R$ 43,90.
A mesma pesquisa ainda aponta uma diferença entre os preços dos inseticidas – produtos destinados a matar e não apenas repelir os insetos – que podem ultrapassar o dobro da menor cotação. O Baygon 360ml, por exemplo, foi encontrado entre R$ 10,49 e R$ 24,48, uma variação na casa de R$ 122% – a média do mesmo produto é de R$ 17,87. O inseticida com maior volume avaliado, o SBP 450ml, foi encontrado a preços entre R$ 13,89 até R$ 29,99, uma variação de 115,91%. Já o Raid 420 ml, teve a menor variação da categoria (87,11%), com valores estipulados de R$ 13,89 a R$ 25,99. A pesquisa ainda apontou a escassez dos produtos de proteção individual como um dos motivos para a alta variação dos produtos. ■
“A grande ação para prevenirmos mortes é a hidratação, ela salva vidas”
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Fábio Baccheretti Secretário estadual de Saúde