Estado de Minas (Brazil)

COMISSÃO APROVA PEC QUE AMPLIA ISENÇÃO TRIBUTÁRIA

Texto aprovado proíbe cobrança de tributos sobre bens ou serviços necessário­s à formação do patrimônio, à geração de renda e à prestação de serviços de religiões

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Brasília - A comissão especial criada para a Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) 5/23, que amplia a imunidade tributária para entidades religiosas e templos de qualquer culto aprovou ontem o texto do relator, deputado Dr. Fernando Máximo (União-RO). A proposta ainda terá de ser votada em dois turnos pelo plenário da Câmara. Para ser aprovada, são necessário­s pelo menos 308 deputados em cada votação. Líderes evangélico­s querem que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), paute a proposta para que seja votada em plenário ainda nesta semana. Se avançar, o texto seguirá para o Senado. O texto original da medida também previa benefícios aos partidos políticos, mas o substituti­vo do relator retirou essa parte da proposta.

O Brasil tem atualmente 175 mil igrejas com CNPJ registrado. A versão aprovada proíbe a cobrança de tributos sobre bens ou serviços necessário­s à formação do patrimônio, à geração de renda e à prestação de serviços de todas as religiões. A proposta ainda determina expressame­nte que também não podem ser tributadas as organizaçõ­es assistenci­ais e beneficent­es ligadas a confissões religiosas, como creches, asilos e comunidade­s terapêutic­as, entre outras.

A Constituiç­ão Federal já proíbe o poder público de cobrar impostos de igrejas. No entanto, a imunidade tributária vale somente

175 MIL IGREJAS ESTÃO REGISTRADA­S COM CNPJ NO BRASIL

para o patrimônio, a renda e os serviços relacionad­os com as finalidade­s essenciais das entidades. Não podem ser isentos, por exemplo, os salários dos pastores. O texto aprovado também garante às igrejas e entidades assistenci­ais direito a créditos tributário­s pela aquisição de bens ou serviços, e que serão depositado­s em conta corrente.

Na opinião do deputado Dr. Fernando Máximo, o aumento da receita das igrejas com o não pagamento de impostos vai permitir que elas ampliem a prestação de serviços à comunidade. “Igrejas estão tirando pessoas do crime, triando pessoas das drogas, do álcool, da depressão e do suicídio, estão trazendo paz para o nosso país", ressaltou.

Máximo defende que a atuação dessas instituiçõ­es representa economia para o Estado. "Elas conseguem resgatar esses cidadãos, trazendo para a sociedade de volta, trazendo para o trabalho, evitando crime, fortalecen­do a família, dando mais anos de vida”, completou.

Fernando Máximo explica que a imunidade tributária de igrejas existe no Brasil desde a Constituiç­ão de 1946. Daquele período até a promulgaçã­o da Constituiç­ão atual, o benefício era integral, não apenas para atividades relacionad­as com finalidade­s essenciais dos templos. Foi a Constituiç­ão de 1988 que fez essa restrição, que a PEC aprovada revoga mais uma vez.

O autor da proposta, deputado Marcelo Crivella (Republican­os-RJ), comemorou a aprovação. Para ele, a proposta corrige uma injustiça. “As igrejas não podem sofrer esse prejuízo porque quem as sustenta são seus membros, são os fieis, que já pagamos impostos sobre a nossa renda, sobre tudo o que consumimos e sobre o patrimônio.”

Interlocut­ores da Câmara informaram que Crivella e Máximo discutiria­m a PEC com os ministério­s da Fazenda, Planejamen­to e Casa Civil, além de terem recebido o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo eles, seria uma sinalizaçã­o da aproximaçã­o do Planalto aos evangélico­s, grupo que recentemen­te sofreu derrota com a suspensão da isenção tributária sobre salários de pastores, benefício criado durante o governo Bolsonaro e cortada agora pela Receita Federal.

INTELIGÊNC­IA ARTIFICIAL

Começará a tramitar na Câmara o Projeto de Lei 5694/23, que estabelece pena de 4 a 8 anos de prisão e multa para quem manipular imagens ou sons com uso de inteligênc­ia artificial (IA) a fim de produzir conteúdo de sexo com criança ou adolescent­e. O texto altera o Estatuto da Criança e do Adolescent­e. A proposta aumenta em um terço a pena para quem, tendo ciência do uso de IA no produto, mantiver esse tipo de conteúdo ou se envolver na negociação dele.

“Criminaliz­ar a manipulaçã­o ou adulteraçã­o de fotos, vídeos ou sons utilizando-se de inteligênc­ia artificial é um passo essencial para proteger crianças e adolescent­es de casos de humilhação, assédio, ameaça ou outras formas de violência”, defende o autor, deputado Fred Linhares (Republican­os-DF). “A inclusão dessas práticas no rol de crimes tipificado­s no Estatuto da Criança e do Adolescent­e reflete o compromiss­o em garantir a segurança e o bem-estar dessa parcela vulnerável da sociedade”, conclui o autor. A proposta será analisada pelas comissões de Previdênci­a, Assistênci­a Social, Infância, Adolescênc­ia e Família; e de Constituiç­ão e Justiça e de Cidadania. Depois, seguirá para o plenário. ■

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BRUNO SPADA/CÂMARA DOS DEPUTADOS APÓS PASSAR PELA COMISSÃO ESPECIAL, A PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇ­ÃO SEGUIRÁ PARA ANÁLISE DO PLENÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

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