MAIORES COLÉGIOS ELEITORAIS DE MG NA MIRA DE PRÉ-CANDIDATOS
Minas tem ao menos 22 nomes com cargos na Assembleia Legislativa, Congresso ou Senado com intenções de concorrer a prefeituras de cidades-chave do estado
Pelo menos 22 parlamentares mineiros da Assembleia Legislativa, Câmara Federal e Senado são cotados como pré-candidatos às eleições municipais deste ano. As candidaturas ainda não são totalmente garantidas, pois estão em curso acordos partidários internos e externos para viabilizá-las e as legendas têm entre 20 de julho e 15 de agosto para registrar suas chapas na disputa que começa oficialmente no dia seguinte à data limite. A maioria dos parlamentares cotados como possíveis candidatos estão de olho nos 10 maiores colégios eleitorais do estado, que, juntos, somam 4,3 milhões de eleitores das 15,7 milhões de pessoas aptas a votar em Minas Gerais.
Entre os parlamentares mineiros, a maioria está de olho na Prefeitura de Belo Horizonte, que já conta com sete pré-candidatos, número que deve se afunilar, já que, em alguns casos, como o das deputadas estaduais Bella Gonçalves (PSOL) e Ana Paula Siqueira (Rede), que integram a mesma federação de partidos, somente um nome poderá encabeçar a chapa. No mesmo campo de esquerda estão o deputado federal Rogério Correia (PT) e a deputada Duda Salabert (PDT), também pré-candidatos à PBH.
De olho no comando da capital, mas representando o centro, estão ainda o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), o senador Carlos Viana (Podemos) e o deputado federal Pedro Aihara (PRD). Caso Viana vá para o Republicanos, como se cogita nos bastidores, um dos dois terá de abdicar da disputa. Já a extrema-direita deve lançar o deputado estadual Bruno Engler (PL).
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o deputado federal de extrema-direita Cabo Junio (PL) é cotado como pré-candidato à Prefeitura de Contagem, terceiro maior colégio eleitoral do estado, onde deve concorrer com a prefeita Marília Campos (PT), ex-deputada estadual, que disputará a reeleição, e com outros possíveis précandidatos.
NOVIDADE NA GRANDE BH
Também na RMBH, o deputado estadual Vitório Júnior (PP) é pré-candidato à Prefeitura de Ribeirão das Neves, que terá, pela primeira vez, eleição em dois turnos, já que ultrapassou os 200 mil eleitores. A deputada estadual Andrea de Jesus (PT) manifestou desejo de concorrer à prefeitura de Neves, que já conta com outros pré-candidatos do partido ao mesmo cargo, como o presidente do PT na cidade, Vicente Mendonça, e duas líderes locais, Marcela Menezes e Eliane Santiago. Internamente, a legenda ainda não bateu o martelo. O atual prefeito, Junynho Martins (DEM), foi reeleito em 2020 e não poderá disputar novamente. Em Nova Era, na RMBH, o deputado estadual Fábio Avelar, também deve participar da disputa.
Em Governador Valadares, na região do Rio Doce, oitavo maior colégio eleitoral do estado, governado há muito por petistas e tucanos, que se revezam no poder desde as eleições e 2001, o PL vai lançar este ano o nome do deputado estadual Coronel Sandro, e, o PT, o do deputado federal Leonardo Monteiro, repetindo a polarização nacional entre as duas hoje maiores legendas do país.
Em Montes Claros, dois parlamentares do PT são cotados como pré-candidatos. A vicepresidente da Assembleia, Leninha, e o deputado federal Paulo Guedes (PT) são cotados para a sucessão do atual prefeito, que foi reeleito, Humberto Souto (Cidadania).
VALE DO AÇO
Em Ipatinga, o nome da deputada federal Rosangela Reis (PL) é cotado para a disputa pela Prefeitura de Ipatinga, no Vale do Aço, onde comanda o diretório municipal desde abril passado, depois de ter tido alguns desentendimentos com a legenda em 2022, mas seu nome ainda não foi selado. Na cidade, 10º maior colégio eleitoral do estado, o atual prefeito Gustavo Nunes (PSL), deve disputar a reeleição.
Em Sete Lagoas, na Região Central, o deputado estadual Douglas Melo (PSD) é cotado como pré-candidato à sucessão de Duílio de Castro (Cidadania).
Com cerca de 2,4 milhões de habitantes, a mesorregião compreendida pelo Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba é a terceira mais populosa de Minas Gerais e integrada por cidades com grande peso econômico para o estado. Em ano eleitoral, essa combinação de fatores mobiliza partidos e parlamentares de olho nas prefeituras e na formação de cabos eleitorais para o pleito nacional em 2026. A partir deste domingo e nos próximos dois dias, o Estado de Minas publica uma série de reportagens sobre a pré-campanha em três das mais importantes cidades dessa região: Uberlândia, Uberaba e Araxá – essas duas últimas com publicação amanhã e na terça-feira. Nos próximos fins de semana, a série prossegue abordando a pré-campanha em outros grandes municípios do estado.
SUCESSÃO EM UBERLÂNDIA
Uberlândia chega ao ano eleitoral com o dilema de descobrir quem será o novo prefeito após dois mandatos de Odelmo Leão (PP) à frente da segunda cidade mais populosa do estado, com mais de 710 mil habitantes. O atual chefe do Executivo foi eleito pela primeira vez em 2016 ainda no primeiro turno com 72,05% dos votos. No pleito seguinte, ele repetiu a dose levando a disputa na primeira votação contando com a predileção de 70,47% dos eleitores.
Neste contexto, o maior polo do Triângulo Mineiro tem atualmente quatro nomes para uma possível disputa eleitoral para a cadeira de prefeito em 2024. O deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL), a deputada federal Dandara Tonantzin (PT), o deputado estadual Leonídio Bouças (PSDB) e o vice-prefeito do município, Paulo Sérgio (PSD).
Desses, apenas Caporezzo ainda não se coloca como pré-candidato, ainda que diga estar à disposição do partido. Todos os demais afirmam que estarão na disputa por chamados dos partidos e de eleitores.
Dandara, que em 2020 foi eleita para vereadora, conseguiu vaga no Congresso em 2022 com mais de 86 mil votos e se tornou candidata natural do partido para a disputa em Uberlândia, muito pela pela rapidez de ascensão entre casas legislativas local e nacional. Ainda assim existiam dúvidas com relação à indicação da deputada para a disputa, que foram dissipadas em 16 de março, quando ela divulgou a vontade dela e do PT. “Sou uma mulher de luta partidária, então, é muito importante ter alinhamento do partido em nível municipal, estadual e federal. Sentamos para conversar e o nosso nome construiu uma unidade”, disse.
O PT esteve na Prefeitura de Uberlândia entre 2013 e 2016, por meio do governo de Gilmar Machado. O mandato teve percalços de aprovação e isso foi levado em consideração, segundo Dandara. “Sabemos que houve problemas de gestão, mas é momento de apontar para uma agenda de futuro, não sou uma candidata que vai ficar presa eternamente para defender A ou B, vou ser uma candidata que vai apresentar projeto para a cidade, soluções para problemas”, afirmou. Ela disse ainda que o partido fará pesquisas para ter a real dimensão de rejeição da legenda no município.
A chegada de Dandara à disputa está diretamente ligada à possível candidatura de Caporezzo. Em entrevista à imprensa local, o parlamentar disse que estaria na disputa caso a petista também estivesse. Ainda fora oficialmente da disputa, ele não descarta apoio a outro quadro. “Apoio até um cachorro para que o PT não entre na Prefeitura de Uberlândia”, afirmou à reportagem do Estado de Minas.
RÁPIDA ASCENSÃO
Caporezzo também teve ascensão rápida da Câmara de Uberlândia, para a qual foi eleito em 2020 como o candidato mais votado, até a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em 2022, com mais de 52 mil votos. Os números das urnas fortaleceram seu nome para o pleito encabeçando uma potencial chapa do PL. “Ainda tenho que ter algumas reuniões para me oficializar como pré-candidato. Mas tenho o apoio do partido e do presidente Jair Bolsonaro”, afirmou, ressaltando que a potencial entrada na corrida eleitoral ainda passa por alianças com outros partidos.
Vice-prefeito do governo de Paulo Ferolla nos anos 1990, Leonídio Bouças aposta no fato de ser veterano da política local e estadual como um dos trunfos para a disputa pela cadeira de prefeito. “(O atual prefeito) Odelmo Leão e eu somos os políticos de maior longevidade em Uberlândia e isso traz segurança ao eleitor”, explicou. Inclusive, com a impossibilidade de Leão de se candidatar ao cargo mais uma vez, o campo está aberto para outros nomes. “Como dizia o antigo prefeito Virgílio Galassi, político tem vez e estou na fila há muito tempo, acho que chegou minha vez”, afirmou.
A atuação do Legislativo em Uberlândia é uma demonstração de força do tucano dentro do município. Mais de um terço dos vereadores da cidade, ainda no fim de 2023, todos ligados a Bouças, montaram um novo bloco na casa que se junta frequentemente com a oposição ao prefeito Odelmo Leão e consegue obstruir pautas que são consideradas relevantes pela situação. Uma demonstração de força do deputado.
PROXIMIDADE COM O PREFEITO
Paulo Sérgio, vice-prefeito de Uberlândia, liga sua imagem a Leão apontando que existe um aprendizado de gestão pública com o atual prefeito nos últimos oito anos, quando estiveram à frente do Executivo. Mas Odelmo ainda não apontou um apoio irrestrito ao vice. “Não posso falar por ele, mas represento o grupo que ele lidera e esperamos que no momento certo ele tome a posição dele. Estamos aguardando e esperamos o apoio dele. Nós estamos no governo juntos”, disse o nome apontado pelo PSD.
O vice-prefeito salienta que existe uma costura ampla de partidos que podem compor com ele durante a eleição de 2024, contando com 13 vereadores que apoiam sua candidatura e que sua experiência fora da política o ajudaria no governo. “Estou ao lado do prefeito Odelmo há 20 anos na gestão efetiva da cidade e tenho qualificação como engenheiro, administrador e empreendedor. Temos um projeto de desenvolvimento para garantir, emprego, bem estar social, renda e com diversidade”.
PROBLEMAS PALPÁVEIS
Fora da chamada polarização nas atuais disputas eleitorais, que localmente seria representada pelo embate entre Caporezzo e Dandara, Bouças e Sérgio afirmaram que os eleitores de Uberlândia não estariam interessados em disputas ideológicas, mas sobre o cotidiano da cidade e resolução de problemas palpáveis, como saúde e emprego.
Na eleição presidencial de 2018, Jair Bolsonaro venceu na cidade com 63,03% dos votos no segundo turno. Mesmo tendo perdido na tentativa de reeleição de 2022, o ex-presidente voltou a ser maioria nas urnas uberlandenses com 53,12% dos eleitores o escolhendo para a frustrada recondução.
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