AVIÕES DOS EUA JOGAM ALIMENTOS SOBRE GAZA
Cerca de 70 pacotes com refeições sem carne de porco foram enviados com a ajuda do Exército jordaniano. Washington defende corredor marinho de ajuda humanitária
Três aviões militares de carga americanos lançaram ontem alimentos sobre a Faixa de Gaza, enquanto o território palestino enfrenta uma crise humanitária crescente após meses de conflito. Operação de ajuda internacional, que contou com o apoio do Exército jordaniano, ocorre três dias depois de mais de 100 pessoas morreram na região durante uma operação de distribuição de alimentos em comboio escoltado por militares israelenses.
“Realizamos um lançamento aéreo combinado de assistência humanitária em Gaza”, afirmou ontem um funcionário do Comando Central dos EUA na região (Centcom). Três C-130 da Força Aérea dos EUA conduziram operações para fornecer “ajuda aos civis afetados pelo conflito em curso”.
Os aviões lançaram “66 pacotes no total de refeições sem carne de porco”, explicou o responsável, acrescentando que ainda não tem números sobre a tonelagem total lançada. Imagens da agência AFP mostram uma multidão de palestinos correndo atrás dos paraquedas com os mantimentos em uma praia na Faixa de Gaza.
O presidente Joe Biden anunciou na véspera que os Estados Unidos começariam a transportar suprimentos aéreos para Gaza, depois do incidente de quinta-feira passada, quando dezenas de palestinos desesperados morreram enquanto corriam para chegar a um comboio no Norte de Gaza, sob cerco militar desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, e onde a ONU alertou para uma crise humanitária e uma fome severa.
FRUSTRAÇÃO
O envio de alimento surge em resposta à frustração da Casa Branca diante do apoio considerado insuficiente aos civis que vivem sob cerco do combate. “Nos próximos dias, vamos nos juntar aos nossos amigos na Jordânia, entre outros, que estão fornecendo lançamentos aéreos com alimentos e suprimentos adicionais”, disse Biden, na sexta-feira. Joe Biden também falou sobre a possibilidade de abrir outros caminhos, incluindo um corredor marítimo.
O Hamas acusou Israel de atirar contra pessoas que corriam desesperadas, na semana passada, atrás do comboio com ajuda humanitária na Cidade de Gaza. O Ministério da Saúde local, controlado pelo grupo, alega que ao menos 115 pessoas morreram e 750 ficaram feridas. As autoridades israelenses admitiram ter disparado contra palestinos que se aproximaram de maneira “ameaçadora”, atribuindo o alto número de vítimas à confusão.
O lançamento aéreo de ajuda humanitária realizado ontem, ou a eventual entrega por via marítima, “não pode substituir a necessária entrada de assistência através de tantas rotas terrestres quanto possível” na região, declarou um alto funcionário americano. ■