Estado de Minas (Brazil)

PETRÓLEO EM ALTA PRESSIONA PREÇOS DOS COMBUSTÍVE­IS

Barril do tipo Brent fecha perto de US$ 90 e defasagem da gasolina e do diesel no Brasil em relação a cotações internacio­nais aumenta. Petrobras diz avaliar quadro

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O repique das cotações internacio­nais do petróleo nos últimos dias jogou ainda mais pressão sobre a Petrobras. A petroleira opera desde o início do ano com elevadas defasagens nos preços da gasolina e do diesel. Ontem, o barril do tipo Brent, referência internacio­nal negociada em Londres, fechou perto dos US$ 90 por barril, patamar atingido pela última vez em outubro de 2023. A alta reflete o aumento das tensões no Oriente Médio e melhores perspectiv­as para a economia global.

"A fotografia hoje é de uma pressão grande para reajuste (no preço dos combustíve­is)", diz Bruno Pascon, sócio da consultori­a Centro Brasileiro de Infraestru­tura (CBIE). O governo, por outro lado, vem enfrentand­o problemas de popularida­de, com mais brasileiro­s consideran­do que a economia brasileira e sua situação econômica pessoal pioraram, cenário que poderia ser agravado com o efeito inflacioná­rio do aumento no preço da gasolina.

A Petrobras está prestes a completar seis meses sem mexer no preço da gasolina em suas refinarias. A última alteração foi um corte de R$ 0,12 por litro no dia 20 de outubro de 2023, acompanhan­do a queda da cotação internacio­nal do petróleo. Na abertura do mercado ontem, o preço da gasolina nas refinarias da estatal estava R$ 0,62 por litro abaixo da paridade de importação calculada pela Associação Brasileira dos Importador­es de Combustíve­is (Abicom). Já são quase três semanas com defasagem acima dos R$ 0,50 por litro, de acordo com esse indicador.

Para a Warren Investimen­tos, a defasagem da gasolina comerciali­zada pela Petrobras está, de acordo com os seus modelos, em 19% se comparado com o comerciali­zado fora do país. Na média de 30 dias, essa defasagem fica em 16%. “Nas nossas contas, a cada 10% de alta do preço da gasolina na refinaria, impacta 18 ps na projeção do IPCA de abril, cuja projeção está em 0,36%. O preço do Petróleo subiu quase 7% no último mês enquanto houve uma depreciaçã­o do real de 1,95%. “Avaliamos que, além da alta do petróleo, a defasagem do Real impacta a defasagem da gasolina”, diz a Warren em nota.

SEM PARIDADE

A Petrobras diz em sua nova política de preços que não segue mais de perto o conceito de paridade de importação, mas que não se afastará totalmente do mercado internacio­nal. Em 2024, a cotação do Brent subiu quase 18%, consideran­do o fechamento de terça-feira, ou uma alta de US$ 13 por barril. O mercado de combustíve­is está ainda mais pressionad­o, com estoques em baixa diante de paradas para manutenção em refinarias ao longo do mundo. O mercado de gasolina entra ainda em um período de alta com a proximidad­e do verão no hemisfério Norte, quando o consumo é impulsiona­do pela temporada de viagens de carro nos Estados Unidos.

No caso do diesel, o preço das refinarias da Petrobras está R$ 0,44 por litro abaixo da paridade calculada pela Abicom. O último reajuste foi promovido no fim de dezembro, com corte de preço na véspera da retomada da cobrança de impostos federais. "A expectativ­a é que em algum momento a Petrobras tenha de revisar os preços no mercado doméstico", diz Pascon, do CBIE. A consultori­a estima que, na média do ano, os preços da gasolina e do diesel subirão 3,2% no país, em comparação à média de 2023.

Em um comunicado padrão sobre o tema, a Petrobras diz que segue “acompanhan­do com atenção os fundamento­s do mercado internacio­nal e nacional”. “Por questões concorrenc­iais, não podemos antecipar as nossas decisões de reajuste”, afirma a empresa. O texto diz que a nova estratégia comercial da empresa considera, além da paridade de importação,”as nossas melhores condições de refino e logística para a prática de preços competitiv­os e mitigação da volatilida­de externa, proporcion­ando períodos de estabilida­de de preços aos nossos clientes”.

PRESSÃO

Os preços internacio­nais do petróleo voltaram a subir ontem impulsiona­dos pelas tensões no Oriente Médio e por uma demanda sólida por combustíve­is na semana passada nos Estados Unidos. Além disso, a aliança Opep+ recomendou, durante sua reunião técnica ontem, manter a estratégia de cortes na produção, uma postura que sustenta os preços. Assim, em Londres, o barril de Brent do Mar do Norte para entrega em junho subiu 0,48%, cotado a 89,35 dólares. Enquanto isso, em Nova York, o barril de West Texas Intermedia­te (WTI) para entrega em maio teve alta de 0,32%, fechando a 85,43 dólares. ■

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TÚLIO SANTOS/EM/D.A.PRESS – 20/10/23 LITRO DA GASOLINA VENDIDO PELA PETROBRAS ESTÁ R$ 0,62 ABAIXO DO VALOR PRATICADO FORA DO PAÍS, MAS ESTATAL NÃO MEXE NOS PREÇOS NAS BOMBAS DE ABASTECIME­NTO DESDE OUTUBRO DO ANO PASSADO

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