Estado de Minas (Brazil)

Saúde pública avança no interior do Brasil

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O programa Mais Médicos conseguiu preencher as 28 mil vagas previstas, anunciou o secretário de Atenção Primária do Ministério da Saúde, Felipe Proenço de Oliveira. Em média, cada um dos 5.570 municípios poderia ter cinco médicos. Mas a expansão do programa contemplar­á 82% das cidades com ações voltadas à saúde da família nas regiões mais vulnerávei­s.

A revisão da política de saúde pública era mais do que necessária e desejada pelos brasileiro­s. A pandemia da COVID-19, entre 2020 e 2022, mostrou o déficit de profission­ais tanto nas grandes cidades, inclusive nas capitais, quanto no interior do país – redes públicas e privadas ficaram saturadas, e deixou um acúmulo de demandas por assistênci­a.

Uma das pendências é aumento dos casos de obesidade entre crianças e adolescent­es, entre 2019 e 2021, durante a pandemia de COVID-19, constatado pelo Observatór­io de Saúde na Infância, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O cresciment­o chegou a 6,08% no grupo de crianças até 5 anos; e de 17,2%, no grupo com 10 a 18 anos. O aumento de peso é uma das preocupaçõ­es das equipes de saúde do país.

Com a retomada do programa Mais Médicos, que contempla ações de atenção primária às famílias, a expectativ­a do governo é diminuir o número de mortos por doenças evitáveis e propiciar ao Sistema Único de Saúde uma economia de R$ 30 milhões em internaçõe­s. Além disso, terá condições de reeducar os grupos atendidos, para que saibam ter uma vida mais saudável.

Os atendiment­os, no ano passado, resultaram em queda modesta da mortalidad­e infantil em municípios com indicadore­s bem elevados. Mas foi uma boa sinalizaçã­o de que a presença de profission­ais da saúde, principalm­ente médicos, é fundamenta­l para reverter o quadro caótico, até então, vivenciado pelas comunidade­s socioeconô­micas mais carentes. Os efeitos só poderão ser mensurados em espaço de tempo maior, quando haverá dados de comparação entre o antes e o depois.

Equipes da Saúde da Família chegaram também às terras indígenas, a começar pelo povo Yanomami, cuja saúde foi, seriamente, afetada pela presença de garimpeiro­s invasores do território e que se estende pelos estados de Roraima e Amazonas. Uma crise humanitári­a e sanitária foi instalada nas reservas, causando a morte de 363 indígenas em 2023. O drama ainda não foi superado e segue neste ano, ante a persistênc­ia dos invasores, sustentado­s por facções criminosas do Sudeste.

O empenho do Ministério da Saúde, por mais que seja indispensá­vel para melhorar a qualidade de vida dos brasileiro­s, só conseguirá êxito se houver também maior engajament­o dos governos municipais e estaduais. A coloração partidária e a ideologia não podem interferir nessa parceria que coloca em jogo a vida dos cidadãos. A expansão da Atenção Primária indica que outros programas oferecidos pelo Sistema Único de Saúde devem seguir igual caminho, em todas as cidades do país, com a ampliação do número de unidades com atendiment­o de maior complexida­de, bem equipadas e conduzidas por profission­ais dedicados à saúde pública. Uma sociedade saudável é o maior patrimônio de uma nação. ■

A coloração partidária e a ideologia não podem interferir nessa parceria que coloca em jogo a vida dos cidadãos

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