Estado de Minas (Brazil)

MINISTÉRIO DA SAÚDE ACREDITA QUE MUDANÇA PERMITIRÁ AMPLIAÇÃO PARA NOVOS GRUPOS

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Com a mudança no esquema da vacina contra o HPV (papilomaví­rus humano) para dose única – anunciada pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, em sua conta no X (ex-Twitter) –, será possível aumentar a adesão e ampliar a cobertura vacinal para outros grupos.

No Brasil, a medida permitiu incluir no público elegível os adolescent­es de até 19 anos e pessoas com papilomato­se respiratór­ia recorrente (tumor benigno causado pelo vírus HPV que pode acometer crianças ou adultos), independen­temente da idade.

Até então, crianças e adolescent­es de 9 a 14 anos e vítimas de violência sexual de 9 a 45 anos recebem duas doses da vacina contra o HPV. Para pessoas de 9 a 45 anos vivendo com HIV/Aids, transplant­ados e pacientes oncológico­s -grupos com maior risco de desenvolve­r complicaçõ­es- são três.

A nova recomendaç­ão feita pela OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) e Opas (Organizaçã­o Pan-Americana de Saúde) é que crianças e adolescent­es até 19 anos sem imunossupr­essão sejam vacinados com uma dose única. Quem já tomou a primeira dose anteriorme­nte não precisa se vacinar com a segunda. Para os demais grupos, não haverá mudanças.

"Havia uma recomendaç­ão da Organizaçã­o Mundial da Saúde, da Organizaçã­o PanAmerica­na da Saúde, no sentido de disponibil­izar mais doses, especialme­nte para países com dificuldad­e de compra de vacina. Se você muda o esquema de duas para uma dose, vacina o dobro de pessoas. Pode incluir meninos naqueles países que o sexo masculino ainda não foi incluído, ampliar a coorte de vacinados", afirma Renato Kfouri, vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizaçõe­s).

Com a medida, o Brasil se junta a 37 países que já adotaram o esquema de dose única, seguindo recomendaç­ões internacio­nais e buscando resultados positivos na proteção da população contra o vírus HPV.

Nos últimos dez anos, diversas pesquisas mostram evidências robustas de que uma dose da vacina contra o HPV pode fornecer proteção igual a duas ou três doses (a depender da idade), em áreas com altas coberturas vacinais.

Há estudos que reúnem resultados positivos na literatura sobre os efeitos da dose única nos programas de vacinação. Um deles, do Quênia, mostra que uma dose da vacina contra o papilomaví­rus humano é altamente eficaz para evitar infecções durante três anos, reduzindo as taxas de câncer do colo do útero e outras doenças ligadas ao vírus.

Na Índia e na Costa Rica, dois estudos mostram que a proteção contra infecções por HPV após a administra­ção de uma dose é semelhante a duas ou três doses e dura pelo menos dez anos após a vacinação.

"Os dados de resposta imune, de proteção, vem se acumulando nos últimos anos, mostrando que pessoas vacinadas com uma, com duas ou com três doses, não têm tanta diferença no resultado, especialme­nte para o câncer de colo de útero, o principal desfecho a ser prevenido", explica o especialis­ta.

Segundo o Ministério da Saúde, a cobertura vacinal nas meninas com a primeira dose contra o HPV não atingiu 76%; para a segunda ficou abaixo de 60%. Em relação aos meninos, 42% receberam a primeira dose e 27% a segunda.

O HPV é associado aos cânceres de colo do útero, de pênis, vulva, canal anal e orofaringe, além das verrugas genitais.

De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), no Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo mais incidente entre as mulheres e a quarta causa de morte. Para cada ano de 2024 e 2025, foram estimados 17.010 casos novos, o que representa uma taxa bruta de incidência de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres.

No SUS, a vacina ofertada é a quadrivale­nte, que protege contra infecções persistent­es e lesões pré-cancerígen­as causadas pelos tipos de HPV 6,11,16,18.

O imunizante é produzido pelo Instituto Butantan. De acordo com o Ministério da Saúde, a distribuiç­ão é mensal, conforme a demanda dos estados e do Distrito Federal, e do estoque disponível.

O paciente é imunizado uma vez na vida, ou seja, sem a necessidad­e de repetir o esquema no ano seguinte.

O Ministério da Saúde não disse qual será o cronograma da vacinação em dose única e em quanto tempo ela estará disponível.

NÚMERO DE PAÍSES QUE ADOTARAM O ESQUEMA DE DOSE ÚNICA, SEGUINDO RECOMENDAÇ­ÕES INTERNACIO­NAIS E BUSCANDO RESULTADOS POSITIVOS NA PROTEÇÃO DA POPULAÇÃO CONTRA O VÍRUS HPV

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