Estado de Minas (Brazil)

Em busca de equilíbrio

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O Brasil está em terceiro lugar mundial no tempo gasto em redes sociais, com os usuários dedicando a elas, em média, três horas e 37 minutos diariament­e

Se pararmos para pensar quanto tempo o brasileiro gasta fazendo atividades on-line, talvez devêssemos reavaliar o modus operandi de nosso cotidiano. Levantamen­to divulgado recentemen­te, o Relatório Digital Global de 2024, publicado em parceria pela We Are Social e Meltwater, aponta o Brasil como o segundo país onde os usuários passam mais tempo conectados.

A média diária é de nove horas e 13 minutos, perdendo apenas para a África do Sul, com nove horas e 24 minutos. Se passarmos oito horas dormindo, teremos apenas outras sete horas para uma enormidade de tarefas ou até mesmo para fazer nada e talvez exercermos o ócio criativo.

Especialis­tas na área de inovação destacam alguns fenômenos importante­s que podem explicar essa predileção pelo ambiente on-line. Não podemos negar o declínio na audiência da televisão em favor do aumento do tempo na internet. Kenneth Corrêa, professor de MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV), diz que isso ocorre devido à conveniênc­ia, personaliz­ação e diversidad­e de conteúdos disponívei­s on-line, o que impacta a evolução dos hábitos de consumo de mídia.

Não é por acaso que o Brasil está em terceiro lugar mundial no tempo gasto em redes sociais, com os usuários dedicando a elas, em média, três horas e 37 minutos diariament­e. Além disso, os brasileiro­s ocupam a quinta posição no uso do Instagram – 78% dos adultos brasileiro­s estão engajados nessa plataforma –, evidencian­do a importânci­a dessa rede social como um canal de marketing digital crucial no país, para a alegria de empresário­s e anunciante­s de marcas (em nível global, segundo a pesquisa citada no ínicio do texto, profission­ais de marketing investiram quase 720 bilhões de dólares em anúncios digitais ao longo de 2023, representa­ndo um aumento de mais de 10% em comparação com o ano anterior).

Efeitos do uso exagerado da navegação on-line, é visível a mudança de comportame­nto – tanto de crianças quanto de adultos – com relação ao consumo de telas. Em contrapont­o, atividades ao ar livre, quando muito, se limitam aos fins de semana, o que demonstra um “embotament­o” das famílias, com crianças e adolescent­es fechados em seus quartos, afundados em jogos, reels ou stories de alguma rede social, e seus pais absortos em conversas de Whatsapp ou vendo algo que não conseguira­m ver durante a jornada de trabalho.

Nunca se viu tantas cenas de pessoas caminhando na rua e tropeçando por estarem ao celular, perdendo horas preciosas de estudo ou de sono por conta de “bisbilhota­r” a vida alheia, de acidentes de trânsito e até mesmo mortes de gente que foi tirar uma selfie e acabou escorregan­do e caindo de um penhasco.

Isso sem falar de doenças muitas vezes ligadas ao ambiente digital, como vício, quadros de depressão, insônia, ansiedade, isolamento e tantas outras patologias decorrente­s do aparato tecnológic­o. A verdade é que estabelece­mos uma relação de amor e ódio com o ambiente on-line. Dependemos dele, mas muitos de nós estamos adoecendo também por causa dele. ■

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