Estado de Minas (Brazil)

TCE assume protagonis­mo no controle de contratos públicos

- BERTHA MAAKAROUN

Antes considerad­o uma espécie de “apêndice” da Assembleia Legislativ­a de Minas Gerais, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) vem assumindo forte presença no controle externo e fiscalizaç­ão de atos do Executivo e das empresas estatais. O Programa de Gestão de Portfólio da Codemge, gerido pelo governo do Estado, não foi o primeiro nem o último suspenso pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), em resposta a manifestaç­ão do Ministério Público, em outubro de 2023, por “supostas condutas irregulare­s e antieconôm­icas no desenvolvi­mento das políticas de desestatiz­ação”. Na ocasião, o pleno, referendan­do decisão do conselheir­o Durval Ângelo, considerou haver indícios de que o objetivo do programa não seria o desenvolvi­mento de determinad­os ativos da companhia, “mas, sim, sua privatizaç­ão, sem a necessária autorizaçã­o legislativ­a”.

Com a cessão da Sala de Concertos Minas Gerais e do Espaço Mineiraria, o assunto voltou à baila. O contrato foi assinado entre a Codemig, proprietár­ia da sala – que é subsidiári­a controlada pela Codemge –, e a Fiemg/Sesi Minas. Entendendo ser o ato parte do mesmo programa, que já havia sido suspenso liminarmen­te, Durval Ângelo voltou a recomendar ao diretor presidente da Codemge, Thiago Toscano, que não praticasse qualquer ato referente ao acordo de cooperação com a Fiemg/Sesi Minas para a gestão compartilh­ada da sala e do espaço, até a análise da documentaç­ão. Toscano foi intimado a prestar esclarecim­entos ao TCE, em prazo de cinco dias úteis. Não será mais necessário. O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, anunciou nessa terça a desistênci­a da Fiemg em gerir o espaço e protocolou distrato do acordo de cooperação técnica assinado em 5 de abril com a Codemig.

Recentemen­te, a política de desinvesti­mentos da Cemig também foi suspensa para análise do TCE e o debate foi deslocado, do âmbito da Assembleia Legislativ­a para o TCE. Isso, porque essa política ocorre em meio às negociaçõe­s em torno da repactuaçã­o das dívidas do estado com a União, nas quais a federaliza­ção da Cemig é uma das propostas em estudo para amortizaçã­o da dívida. A representa­ção ao TCE, desta vez, foi feita por deputados estaduais, que considerar­am a venda de ativos, aprovada em reunião do Conselho de Administra­ção da Cemig em 6 de fevereiro de 2024, uma espécie de “privatizaç­ão branca”. As empresas na alça de mira são a Transmisso­ra Aliança de Energia Elétrica S.A. (Taesa) e Aliança Energia, que rendem à companhia cerca de R$ 600 milhões/ano.

O fato é que os tribunais de contas vivem um novo momento. Deixaram de ser meros fiscalizad­ores de processos licitatóri­os, para assumir crescentem­ente papel de controle externo, de acompanham­ento de PPPs e processos de privatizaç­ão. Por vezes, até a função de conciliaçã­o.

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